VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 30 de agosto de 2015

DIANTE DO CAOS



ZERO HORA 30 de agosto de 2015 | N° 18279



MARCOS ROLIM*



A crise em que o RS está metido é, como todos sabem, muito grave. Há uma dimensão estrutural nela que demandará reformas profundas, e há uma emergência que precisa ser equacionada sob pena de vermos o caos se implantar rapidamente. O caos não é exatamente uma experiência conhecida em um país que não está envolvido em uma guerra civil e onde não há eventos catastróficos como terremotos ou tsunamis. Há formas caóticas menos espetaculares, entretanto, e a experiência internacional pode nos ajudar a imaginá-las. Pensemos nas polícias, por exemplo. Ao contrário do que o senso comum imagina, encher as ruas de policiais não é medida eficiente para a redução dos indicadores de criminalidade e violência. Sabemos disso porque as chamadas estratégias de adensamento já foram testadas por vários experimentos controlados. Entretanto, o inverso não é verdadeiro. Quando os policiais saem das ruas e a informação desta ausência é pública, temos uma situação recebida pelos potenciais delinquentes como oportunidade extraordinária. O resultado, como o demonstram todas as greves policiais no mundo, é um salto impressionante no número de delitos. Em um espaço de algumas horas, os crimes se multiplicam em escala absurda. Nesta circunstância, não há um evento, mas dinâmicas violentas agenciadas pela não prestação de um serviço essencial. O resultado é o caos, compreendido da forma como Durkheim pensou o conceito de anomia.

A paralisação geral da máquina do Estado produziria efeitos agregados ainda mais lastimáveis, e não se poderá evitá-la diante da penúria imposta unilateralmente aos servidores do Executivo com o parcelamento dos seus vencimentos. Para este grupo, aliás, a forma mais silenciosa do caos já se instalou.

Diante deste risco, e independentemente de todo o debate sobre a origem da dívida, sobre as responsabilidades dos governantes, da representação política e dos demais gestores públicos, há um dever de solidariedade que se impõe e que justifica plenamente a proposta de aumento de impostos. A medida, claro, é desagradável, gera antipatia e não pode ser tomada como a solução. Ela é, entretanto, simplesmente necessária e imprescindível, ao lado de muitas outras que precisam ser implantadas para o ajuste que tem sido evitado, irresponsavelmente, há décadas. É bastante simples em momentos assim se repetirem os bordões liberais contra a “sanha fiscal” ou jogar para a torcida em busca de dividendos políticos. Com todo o respeito aos que, por fundamentadas razões, se opõem à majoração dos impostos, entendo que, neste momento, obstaculizar a medida é firmar sociedade com o caos.

*Jornalista e sociólogo

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