ZERO HORA 21 de agosto de 2015 | N° 18269
EDITORIAIS
Mesmo consistente, a denúncia apresentada ontem pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por acusações de envolvimento em corrupção na Petrobras, não chega a se constituir num impedimento para sua permanência no cargo. Ainda assim, se for aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o país passará a contar com um réu em processo criminal como o terceiro na hierarquia da República. Por isso, o parlamentar deveria atender aos apelos de vozes sensatas dentro e fora do Congresso para se afastar do cargo, sem prejuízo de seu amplo direito à defesa.
O deputado foi denunciado juntamente com uma prefeita fluminense e o senador e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB-AL), com quem começou sua carreira política, e outros agentes públicos devem enfrentar em breve a mesma situação. Dias antes, o presidente da Câmara chegou a ser acusado pelo procurador- geral da República, Rodrigo Janot, de ter usado o cargo em benefício próprio para tentar se livrar de denúncias. Um país já suficientemente tumultuado sob o ponto de vista político não pode continuar submetido a um dirigente que tem por hábito atacar ao invés de se defender, pensando apenas em seus próprios interesses.
Sob o ponto de vista político, é improvável uma pressão maior de seus pares, numa Câmara em que 166 deputados são alvo de inquéritos e 36 figuram como réus em processos em tramitação. Resta ao país confiar no STF para um desfecho adequado para esse caso constrangedor, em que o próprio presidente da Câmara é denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro.
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