ZERO HORA 07 de agosto de 2015 | N° 18250
EDITORIAL
Sufocada pela crise econômica continuada e pela investigação implacável da corrupção em empresas públicas, a presidente Dilma Rousseff alcançou níveis recordes de impopularidade, tendo seu governo desaprovado por 71% dos brasileiros entrevistados na mais recente pesquisa Datafolha. Ultrapassa assim o percentual do ex-presidente Fernando Collor na véspera de abertura do processo de impeachment que o levou ao afastamento do cargo. Mais uma vez, a questão se coloca: só baixa popularidade não é motivo para afastamento de um governante. A nação, porém, não pode suportar por muito tempo um governo incompetente para superar dificuldades que intranquilizam e empobrecem o país.
Conscientes da gravidade da crise, três dos principais interlocutores do governo saíram a campo para defender alternativas. O apelo foi dirigido particularmente ao Congresso, onde a presidente enfrenta resistências não apenas da oposição, mas até mesmo de integrantes de partidos de sua base parlamentar e não chega a contar nem com o apoio irrestrito de correligionários do PT. O vice-presidente Michel Temer pediu união, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu o diálogo, e o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, apelou para a responsabilidade compartilhada. Os brasileiros, porém, só chancelarão esta trégua se o governo mostrar coerência com seu próprio discurso.
A presidente da República chegou a essa situação delicada, em grande parte, porque, depois de eleita, colocou em prática muitas das medidas impopulares que renegou na campanha eleitoral. A seu favor, há o fato de, sem outra saída, ter assumido o ônus do ajuste fiscal, quando a situação já se mostrava insustentável. O momento exige responsabilidade de todos os que têm condições de livrar o país dessa dupla crise, a política e a econômica, legada por um governo impopular.
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