VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 12 de junho de 2011

POR QUE TOLERAMOS?


EDITORIAL ZERO HORA 12/06/2011

Aplaudido de pé pelo público presente à cerimônia em que passou o cargo de chefe da Casa Civil para a senadora Gleisi Hoffmann, o ministro Antonio Palocci encarnou na última quinta-feira o papel de vítima de uma articulação entre a oposição, que fez pressão política por sua saída, e a imprensa, que noticiou o aumento desmesurado de seu patrimônio durante o período em que ele acumulou uma consultoria privada com o mandato de parlamentar. Na ocasião, o ministro demissionário foi alvo inclusive de uma manifestação explícita de solidariedade por parte da presidente Dilma Rousseff, que chegou a chorar pelo afastamento do colaborador. Do ponto de vista humano, é perfeitamente compreensível que companheiros de trabalho e de projetos se despeçam afetivamente. Mas essa cena de camaradagem não pode encobrir a realidade: o senhor Palocci saiu do governo porque não conseguiu explicar satisfatoriamente à nação como ganhou tanto dinheiro numa atividade exercida nas cercanias de poder, o que deu origem à suspeita de tráfico de influência.

Em países que cultuam a probidade e a transparência como pré-requisitos para o exercício de cargos públicos, governantes e políticos flagrados em erro passam por grandes constrangimentos. No Brasil, infelizmente, o que se tem constatado é a rápida volta por cima até mesmo de quem perdeu o mandato por decisão de seus pares, caso de alguns parlamentares da atual legislatura, tanto na Câmara quanto no Senado. Por que nós, brasileiros, somos tão tolerantes com quem trai a nossa confiança?

Embora desgastada pelo uso, a estratégia da vitimização ainda funciona. Em vez de provarem sua inocência, suspeitos e acusados costumam se voltar contra os denunciantes e empregar a também surrada tese da conspiração. Ora, homens públicos têm que prestar contas de seus atos e devem responder por eles. Cabe aos cidadãos, à imprensa e também à oposição manter constante vigilância sobre quem está no poder. O controle da autoridade é um dos princípios essenciais da democracia.

Ninguém deve ser condenado sem ter o direito de se defender, da mesma forma como inexiste em nosso país condenação perpétua, seja no arsenal jurídico-institucional, seja no sistema político-eleitoral. Portanto, nada impede que um político cassado ou destituído de cargo público cumpra sua pena e volte a pleitear o voto e a confiança dos cidadãos. Isso tem que ser aceito, faz parte do jogo democrático. O que revolta é a visível encenação de suspeitos que tentam se passar por vítimas antes de elucidar a suspeição.

O aperfeiçoamento das instituições democráticas em nosso país exige um avanço nesta questão da transparência dos ocupantes do poder. Os governantes – como no já folclórico ensinamento do imperador romano – têm que ser honestos e parecer honestos.

O aperfeiçoamento das instituições democráticas em nosso país exige um avanço nesta questão da transparência dos ocupantes do poder. Os governantes – como no já folclórico ensinamento do imperador romano – têm que ser honestos e parecer honestos.

A questão proposta aos leitores foi a seguinte: Você concorda que somos tolerantes demais com políticos que se portam mal?

Concordam

Sim, concordo. Acho o povo brasileiro com memória muito curta. Talvez seja cultural, mas um dos motivos são os meios de comunicação, que, logo em seguida do fato acontecer, também esquecem o ocorrido. É dever dos meios de comunicação continuar a informar, não deixando o fato entrar no esquecimento, que é exatamente isso que os “espertos” querem. Vejam em outros países a mobilização em torno de um escândalo, com a finalidade de derrubar o protagonista. O que me preocupa é que a imprensa dá mais ibope a uma perna de um jogador ou ao disse não disse, do que a um fato importante político. Espero que o caso Palocci não entre no esquecimento. Parabéns pela iniciativa. Rosalva Giusti – Porto Alegre

O brasileiro é tolerante demais com tudo e esse é um dos fatores que contribuíram para a impunidade e, consequentemente, para os absurdos de todo tipo que fazem parte do nosso dia a dia. Não esqueçam que os políticos não são seres de um outro planeta, são brasileiros como todos nós. Alexandre Marcon – Porto Alegre

Em um país onde não existem instituições e políticos confiáveis, quem passa por constrangimentos são os eleitores. Após darmos o voto, teríamos em contrapartida que exigir o máximo de empenho na valorização do mesmo. Porém, somos um povo latino, o que significa tolerância, acomodação e falta de sangue nas veias. Beatriz Wasem – São Paulo (SP)

Não concordam

Não. A verdade é que somos impotentes diante do arcabouço criado pelos políticos na proteção dos seus interesses (quase sempre ocultos e obscuros). Benjamim Barbiaro – Porto Alegre

Discordo do termo “tolerantes”. Nós somos é hipócritas, pois queremos encher o peito para criticar os políticos, mas na primeira brecha para furar a fila no trânsito, ou tirar proveito da fila dos idosos nos caixas preferenciais, muitos nem titubeiam. Os políticos que hoje estão ocupando as cadeiras do Congresso foram eleitos por quem? Por todos nós, que demos nosso voto de protesto, por exemplo, a um palhaço (de profissão, não de ideologia), que pôs em dúvida até se ele conseguiria ler algum projeto na tribuna. Ou um Collor, que recentemente foi tirado do poder, mas que, após caírem no esquecimento seu crimes contra a República, novamente iludiu o povo mais humilde com a palavra de que “redimiu-se de seus erros”. Então, não somos tolerantes demais com os políticos, mas, sim, não medimos com nosso voto realmente quem irá nos representar, pois, diferentemente do que diz um recente eleito político, pior do que está, se nos acomodarmos por mais tempo ainda, vai ficar sim. Juliano Pereira dos Anjos Esteio (RS)

Nenhum comentário: