ZERO HORA 03 de janeiro de 2013 | N° 17301
COM OU SEM AMOR
Lema da bandeira do Brasil em discussão. Deputado federal propõe alteração em frase usada no símbolo nacional.
KAMILA ALMEIDA
Cento e vinte e três anos se passaram desde a criação da bandeira nacional e o “amor”, que tem direitos históricos adquiridos, nunca conseguiu integrar o símbolo pátrio. Na faixa que envolve o círculo azul estrelado da flâmula vingou apenas “Ordem e Progresso”.
Muitos nem sequer sabem que o sentimento tão singelo foi subtraído do lema positivista de Auguste Comte que inspirou a República: “Amor por princípio, ordem por base, progresso como fim”.
“Uma injustiça”, argumentam os defensores do plano de retomar a ideia original do filósofo francês. No Senado, Eduardo Suplicy (PT-SP) resolveu levantar a polêmica. Escolheu um dia de debates acalorados no Congresso, durante uma tentativa de acordo para votação dos vetos dos royalties do petróleo, há duas semanas, para pedir a atenção dos parlamentares a um projeto de lei emperrado desde 2003.
O autor da proposta de substituir a expressão “Ordem e Progresso” pela expressão “Amor, Ordem e Progresso” é Chico Alencar (PSOL-RJ), deputado federal e professor de história que não perde a esperança de levar a alteração adiante. Essa já é a terceira tentativa – as anteriores caducaram.
– Há uma evidente má vontade por puro conservadorismo. Em vez de olharem o mérito, preferem achar que o símbolo pátrio é intocável – lamenta Alencar.
Agora que o intento ganhou apoio popular, após a criação do site http://incluaamornabandeira.org/, que tem mais de 690 assinaturas favoráveis à causa, Alencar diz acreditar que o assunto sensibilize os colegas. Ancorado no caráter educativo do tema, Suplicy está determinado a ajudá-lo.
– Se nós quisermos construir uma nação justa, precisamos colocar em prática instrumentos que estejam de acordo com objetivos e anseios de amor e solidariedade que, por consequência, irão diminuir a violência – justifica o senador.
Fábio Kühn, professor de História do Brasil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acha a proposta descabida:
– O bordão positivista foi escolhido naquela época. Alterar agora não influencia em nada, não vai mudar os rumos da República.
Kühn cita uma recente discussão envolvendo a retirada do termo “Deus seja louvado” da moeda brasileira:
– Isso seria mais pertinente, já que vivemos em um Estado laico.
O presidente da Liga da Defesa Nacional no Estado, Floriano Gonçalves Filho, acredita que a ideia tem fins comerciais uma vez que os estandartes teriam de ser substituídos:
– É desnecessária a exploração em cima de um símbolo nacional. Nossa bandeira é histórica. Não vejo por que mudar.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É muita ociosidade e descaso para com as questões essenciais de interesse da nação no improdutivo e caríssimo Congresso Nacional para que projetos deste porte sejam criados e tratados seriamente.
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