PÁGINA 10 | LETÍCIA DUARTE (Interina)
Uma das vozes mais lúcidas do PT a refletir sobre o mensalão, o ex-governador Olívio Dutra vem incomodando seus colegas de partido ao defender que o PT precisa reconhecer seus erros e aprender com eles.
Uma das raras vozes da sigla a criticar publicamente a posse de José Genoino na Câmara, em entrevista a ZH de sexta-feira passada, Olívio acabou se tornando alvo também da ira de seus colegas. Uma das respostas mais contundentes partiu do deputado federal Paulo Ferreira, ex-secretário nacional de Finanças do PT:
“Estranho que Olívio Dutra concorde com a decisão do STF que, por maioria de seus membros, decidiu que no primeiro governo do presidente Lula houve compra de votos para aprovação de projetos da Previdência e outros. Nos autos da Ação Penal não ficou demonstrada nenhuma prova de que o PT ou o governo tenham praticado esse ilícito: como o PT poderia ter comprado votos de seus próprios parlamentares e dirigentes, já que a maioria dos envolvidos, alguns absolvidos e outros condenados, são do nosso partido?”, questiona, em texto enviado ontem à coluna.
Na sequência, Ferreira diz que “a crise de 2005 teve como objetivo desestabilizar o governo do presidente Lula e tentar impedir as profundas transformações produzidas no Brasil pelo PT.” Diz lamentar que “importantes lideranças do PT” ainda alimentem esse debate com “argumentos da oposição”.
“Até as macegas de Bossoroca sabem que José Genoino e José Dirceu nunca participaram dos processos de arrecadação informal de recursos para pagamento de dívidas eleitorais do PT nacional e dos diretórios regionais, inclusive do diretório gaúcho”, escreve.
Ferreira diz que estranha ainda ver o ex-governador recorrer ao “superado debate das más companhias para justificar erros do PT”.
Olívio incomoda porque coloca o dedo na ferida. O país teria muito a ganhar se, em vez de se dizer vítima da politização do julgamento, da pressão da mídia, da inveja da direita ou das conjunções astrais, o PT ouvisse os conselhos de um dos seus mais honrados militantes.
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