ESFORÇO EM VÃO
Planalto pagou 20% das emendas
Bancada gaúcha incluiu 20 prioridades no Orçamento em 2012, mas apenas quatro delas receberam alguma verba da União
JULIANA BUBLITZ
JULIANA BUBLITZ
Das 20 emendas ao orçamento propostas pela bancada gaúcha em Brasília no ano passado, apenas quatro foram atendidas pela União, e de forma parcial. Isso significa que 80% das reivindicações dos parlamentares do Rio Grande do Sul acabaram ignoradas pelo governo federal – o pior índice desde 2010.
As quatro emendas contempladas tiveram apenas parte dos recursos empenhados. Para as obras do entorno da Arena do Grêmio, por exemplo, o valor pedido foi de R$ 30,5 milhões, mas R$ 8 milhões foram sinalizados até agora (veja o quadro).
Coordenador da bancada, o deputado federal Renato Molling (PP) diz ter tentando marcar reuniões com a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, “inúmeras vezes” depois das eleições, sem sucesso.
– Fomos recebidos por ela apenas uma vez, no início do ano. Depois disso, não tivemos mais acesso à ministra – lamenta Molling.
Havia a expectativa de que um número maior de demandas pudesse ser atendido por conta da presença de pessoas ligadas ao Estado em cargos-chave do governo, da presidente Dilma Rousseff aos ministros Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário, e Mendes Ribeiro, da Agricultura. Sem contar o presidente da Câmara, Marco Maia.
– O resultado dessa união de forças foi pífio. O que temos são empenhos miseráveis, que nem sabemos se serão cumpridos – diz o deputado federal Nelson Marchezan Jr. (PSDB).
Embora concorde que houve redução nos valores e que a ministra Ideli poderia ter sido mais sensível aos apelos, o deputado federal Dionilso Marcon (PT) discorda da crítica de Marchezan. Marcon ressalta que os cortes foram gerais e que não atingiram apenas os gaúchos. Segundo ele, novos recursos devem ser anunciados em breve.
– Eu soube que o Ministério da Articulação Política autorizou, na última semana do ano, o empenho de todas as emendas da saúde, e isso é muito bom. Não dá para comparar o governo Dilma ao governo FH, que só liberava dinheiro para os compadres – rebate Marcon.
A assessoria de imprensa de Ideli informa que ela nunca se negou a receber a bancada e que, quando não foi possível, encarregou da tarefa seu secretário executivo, Claudinei do Nascimento. Ainda segundo a assessoria, Ideli não é responsável pela liberação dos recursos, que cabe aos ministérios.
ENTREVISTA
“Só faltou eu me ajoelhar”
Renato Molling (PP), coordenador da bancada gaúcha
Coordenador da bancada gaúcha em Brasília, o deputado federal Renato Molling (PP) lamenta a redução do número de emendas empenhadas pela União. O parlamentar afirma ter enfrentado dificuldades para ser recebido pelo governo federal. Confira.
ZH – Que avaliação o senhor faz dos recursos destinados pelo governo às emendas da bancada em 2012?
Molling – A cada ano, eles vêm diminuindo. Em 2012, a frustração foi maior. E o pior é que fica parecendo que a culpa é dos deputados. Somos criticados por não conseguir recursos para as regiões, mas dependemos do governo federal, que nos deixou sem respostas. Há um descontentamento total.
ZH – O que houve?
Molling – Solicitamos audiência inúmeras vezes com a ministra Ideli, mas a resposta era sempre a mesma. Não tinha nada definido. Como não tinha nada definido, a coisa não avançava. No fim do ano, ataquei a ministra no corredor, casualmente, mas ela voltou a dizer que não tinha definição para nos dar. Só faltou eu me ajoelhar.
ZH – E qual é a expectativa para este ano?
Molling – Incluímos algumas emendas de 2012 de novo, para ver se dessa vez conseguimos alguma coisa. Espero que o resultado seja melhor, mas tenho receio de que estamos criando novas expectativas em vão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário