EDITORIAIS
Se já era esdrúxula a situação do governador em exercício de São Paulo, Afif Domingos, coabitante de administrações do PT, em nível federal, e do PSDB, em nível estadual, sua exoneração temporária do Ministério da Micro e Pequena Empresa a fim de assumir o Palácio Bandeirantes adquire um caráter surrealista para qualquer um que não veja a política como o reino em que tudo é permitido. Integrante do DEM, partido que se coligou ao PSDB do governador Geraldo Alckmin na eleição paulista de 2010, Afif transferiu-se para o PSD em 2011, afastando-se dos tucanos. Na esfera federal, sua nova sigla encontrou nos últimos meses uma súbita afinidade com o PT. Indiferente a essas idas e vindas, Afif não vê inconveniente em manter um pé em cada canoa.
Em maio, Afif havia sido nomeado para o ministério pela presidente Dilma Rousseff e anunciou que não renunciaria ao mandato de vice-governador. Na sexta-feira, Afif pediu exoneração do cargo federal a fim de ocupar interinamente o governo de São Paulo durante uma viagem de Alckmin à França. Com o retorno do governador, Afif deve ser renomeado hoje para o ministério.
Não há sequer a preocupação em dar a essa dança de cadeiras marcadas uma aparência de algo que não seja fisiologismo. Considere-se que os dois partidos não se distanciaram há pouco tempo. De fato, tucanos e petistas constituem os polos opostos da vida política nacional há pelo menos 20 anos, período mais do que suficiente para que sejam explicitadas diferenças, se não claramente programáticas, pelo menos de natureza política, expressas em cinco eleições presidenciais nas quais os candidatos de ambas as siglas foram os principais contendores.
Ainda que, no âmbito da Assembleia Legislativa de São Paulo, o assunto tenha assumido contornos de duelo político, com os tucanos pregando a perda de mandato de Afif em razão da suposta inconstitucionalidade no acúmulo dos dois cargos e os petistas defendendo sua permanência, deve-se admitir que a responsabilidade por essa situação é do próprio governador em exercício. Mesmo que não se encontrem bases legais para sua condenação, é forçoso reconhecer que o comportamento de Afif é moralmente inaceitável.
Se a atitude de Afif é injustificável, a da presidente Dilma Rousseff, que o exonerou “a pedido” por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira, é, no mínimo, conivente com essa forma constrangedora de se fazer política. É público e notório que o exonerado tem lugar cativo no ministério. Dessa forma, soma-se a chefe do Executivo ao triste baile de máscaras em que se transformou a vida partidária brasileira, na qual o que cada vez menos se espera são atitudes pautadas pela coerência e pela ética. Torna-se difícil, assim, convencer o mais crédulo cidadão da necessidade de se levar a sério a coisa pública.
Se já era esdrúxula a situação do governador em exercício de São Paulo, Afif Domingos, coabitante de administrações do PT, em nível federal, e do PSDB, em nível estadual, sua exoneração temporária do Ministério da Micro e Pequena Empresa a fim de assumir o Palácio Bandeirantes adquire um caráter surrealista para qualquer um que não veja a política como o reino em que tudo é permitido. Integrante do DEM, partido que se coligou ao PSDB do governador Geraldo Alckmin na eleição paulista de 2010, Afif transferiu-se para o PSD em 2011, afastando-se dos tucanos. Na esfera federal, sua nova sigla encontrou nos últimos meses uma súbita afinidade com o PT. Indiferente a essas idas e vindas, Afif não vê inconveniente em manter um pé em cada canoa.
Em maio, Afif havia sido nomeado para o ministério pela presidente Dilma Rousseff e anunciou que não renunciaria ao mandato de vice-governador. Na sexta-feira, Afif pediu exoneração do cargo federal a fim de ocupar interinamente o governo de São Paulo durante uma viagem de Alckmin à França. Com o retorno do governador, Afif deve ser renomeado hoje para o ministério.
Não há sequer a preocupação em dar a essa dança de cadeiras marcadas uma aparência de algo que não seja fisiologismo. Considere-se que os dois partidos não se distanciaram há pouco tempo. De fato, tucanos e petistas constituem os polos opostos da vida política nacional há pelo menos 20 anos, período mais do que suficiente para que sejam explicitadas diferenças, se não claramente programáticas, pelo menos de natureza política, expressas em cinco eleições presidenciais nas quais os candidatos de ambas as siglas foram os principais contendores.
Ainda que, no âmbito da Assembleia Legislativa de São Paulo, o assunto tenha assumido contornos de duelo político, com os tucanos pregando a perda de mandato de Afif em razão da suposta inconstitucionalidade no acúmulo dos dois cargos e os petistas defendendo sua permanência, deve-se admitir que a responsabilidade por essa situação é do próprio governador em exercício. Mesmo que não se encontrem bases legais para sua condenação, é forçoso reconhecer que o comportamento de Afif é moralmente inaceitável.
Se a atitude de Afif é injustificável, a da presidente Dilma Rousseff, que o exonerou “a pedido” por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira, é, no mínimo, conivente com essa forma constrangedora de se fazer política. É público e notório que o exonerado tem lugar cativo no ministério. Dessa forma, soma-se a chefe do Executivo ao triste baile de máscaras em que se transformou a vida partidária brasileira, na qual o que cada vez menos se espera são atitudes pautadas pela coerência e pela ética. Torna-se difícil, assim, convencer o mais crédulo cidadão da necessidade de se levar a sério a coisa pública.
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