VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 23 de junho de 2013

EFEITO COLATERAL

ZERO HORA 23 de junho de 2013 | N° 17470

O POVO À PORTA

As cenas são emblemáticas. Das sombras dos manifestantes projetadas nas abóbadas do Congresso ao princípio de incêndio no Itamaraty, o que parecia uma apoteose democrática ameaça se transformar em caos urbano. Por isso, se torna urgente uma reflexão profunda diante da proliferação dos protestos.

Ninguém mais se sente representado pelas instituições. O grito das ruas é fruto de uma prática política surda aos anseios da população. Esse distanciamento ficou ainda mais palpável nesta semana. Enquanto o povo marchava pelas cidades, o Congresso fazia avançar a “cura gay”. Atônitos, os políticos tentam entender como perderam a representatividade. A prova desse divórcio estava na frase cunhada no começo dos protestos pelo presidente da Câmara, Henrique Alves:

– Não sei a motivação destas pessoas, não sei que pleitos têm, não sei os objetivos. Assim, não há como iniciar uma negociação.

É a mesma percepção que tinha o Planalto. Até então, havia um sentimento de que a estabilidade financeira e os programas de distribuição de renda haviam adestrado as urbes. Mas um sentimento coletivo anestesiado acordou com o aumento das passagens. Nas ruas, 20 centavos ganharam uma dimensão “contra tudo que está aí”.

E algo temeroso: a negação da política. Só que não existe democracia sem partidos. Por enquanto, não há o narcisismo dos políticos nas manifestações. A ausência de lideranças, contudo, pode sugerir recaídas anárquicas, e resultar numa reação totalitária. O mesmo vazio no comando dá chances para o surgimento de um arauto da moralidade, um salvador da pátria. O Brasil já viveu episódios semelhantes. E ninguém quer reviver o passado.

KLÉCIO SANTOS | EDITOR-CHEFE DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

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