ZERO HORA 20 de junho de 2013 | N° 17467
EDITORIAIS
Embora os alvos dos protestos que tomam as ruas do país sejam bastante difusos, é inequívoca a rejeição dos jovens manifestantes aos políticos e aos partidos. Em vários protestos realizados, os militantes de agremiações partidárias foram intimados a recolher suas bandeiras ou mesmo a se retirar sob um brado coletivo: Sem partido! Sem partido!. Um dos cartazes exibidos em Porto Alegre, na última manifestação, tinha uma mensagem contundente: No Estado democrático existem apenas duas classes de políticos, os suspeitos de corrupção e os corruptos. Trata-se de uma generalização exagerada, mas que reflete bem a visão da garotada sobre nossos representantes nos governos e nos parlamentos. E mostra claramente que as instituições políticas assim como outras organizações, entre as quais a própria imprensa precisam se reciclar para ouvir, entender e atender esse público.
As críticas são válidas e oportunas, pois desafiam as lideranças políticas a rever a estrutura partidária e o próprio sistema de representatividade. Ainda que seja utópico imaginar uma democracia sem partidos políticos, sempre há o que aperfeiçoar no sistema eleitoral e no funcionamento dos poderes e da administração pública. A democracia representativa, adotada inequivocamente pelo povo brasileiro e garantida pela Constituição, não pode ser alterada sem um profundo debate nacional. Por mais deturpada que esteja a representação política, ninguém pode querer o fechamento de nossas casas legislativas. Nada impede, porém, que essas estruturas sejam revisadas, redimensionadas e submetidas a processos mais minuciosos de transparência e eficiência.
Cabe também às lideranças políticas de todas as tendências um reexame das organizações partidárias, para que passem efetivamente a representar todos os setores da população.
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