'Onde estão as vozes da rua, que não estou ouvindo?', ironiza deputado. Autor da proposta que limita ação do Ministério Público, Campos Machado fez pronunciamento da tribuna da Assembleia
28 de junho de 2013 | 2h 03
Fernando Gallo e Fausto Macedo - O Estado de S.Paulo
"Onde estão as vozes da rua, que não estou ouvindo?", indagou o líder do PTB na Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Campos Machado, autor da PEC 01/13 - a emenda que atormenta os promotores de Justiça porque lhes quer tirar o poder de investigar prefeitos, secretários de Estado e deputados estaduais por improbidade.
Daniel Teixeira/AE
Campos Machado defende limites à atuação de promotores
Campos fez um pronunciamento irado da tribuna do grande plenário da Casa, na noite de quarta-feira. Àquela hora discutia-se a possibilidade de entrar em votação sua proposta, ideia que não o agradava porque menos de 24 horas antes, na Câmara, caiu a PEC 37 - outra emenda que enfraquecia o Ministério Público e acabou fulminada pelo grito das ruas.
Antes da explosão social os líderes do Legislativo paulista fecharam pacto para votar a PEC 01 só no dia 14 de agosto. Nessa ocasião, avalia Campos Machado, o clima era bastante propício para que sua emenda fosse aprovada. Até mesmo os promotores já previam o pior cenário.
Na sessão extraordinária de quarta-feira, ainda no calor da derrubada da PEC 37, o petebista temia que o acordo com seus pares ruísse e a Assembleia, afinal, se curvasse à voz das ruas. Desconfiado de que poderia sofrer revés contundente, pediu a palavra e, então, indagou. "Onde estão as vozes da rua, que não estou ouvindo?" "E as vozes dos prefeitos, dos ex-prefeitos, dos vereadores, onde estão?", emendou, em referência aos políticos que o têm procurado para declarar apoio à sua PEC e se queixar de "abusos" das promotorias.
Tucanos. Campos mirou o PSDB. "Em 20 anos de Assembleia jamais pensei que viveria um momento como esse, rebelião tucana", disse. "A Assembleia não se chama Assembleia Legislativa do PSDB. Não posso aceitar que ameacem até obstrução de projetos do governo para quebrar acordo no Colégio de Líderes." "Acordo é flecha lançada, não volta mais. Há aqui uniões estranhas", provocou. "Tudo está acontecendo esta noite. Mas não aceito pressões. Pressão é boa em panela. Não adianta arroubos, não adianta falarem que vão ser radicais. Radicalidade é assunto que também me pertence. Palavra é uma questão de caráter. Se rompermos o acordo, se cedermos à posição autoritária e mesquinha do PSDB, é melhor procurarmos outro caminho."
Ontem, o líder petebista explicou. "O que eu quis dizer é que não ouço na rua gente atacando a nossa 'PEC da Dignidade'. Quem ganha com a PEC é a sociedade e o próprio Ministério Público. Eu respeito as manifestações das ruas, mas sou contra vândalos. Quando todos os ventos eram favoráveis à PEC eu atendi o acordo de líderes para adiar a votação. Agora que a PEC 37 foi derrubada os oportunistas vêm falar das ruas." A Casa ouviu a voz de Campos e a PEC não foi à votação.
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