EDITORIAIS
Mais de 2 mil políticos eleitos no ano passado, muitos dos quais empossados como prefeitos e vereadores, foram flagrados pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) como beneficiários do programa Bolsa Família no primeiro semestre do ano. Depois de fazer o cruzamento dos dados da folha de pagamento do programa com a base de informações das eleições municipais fornecida pelo Tribunal Superior Eleitoral, o governo constatou as irregularidades e suspendeu o pagamento dos benefícios. Mais: determinou o ressarcimento do dinheiro recebido indevidamente pelos beneficiários eleitos. A regra é clara: de acordo com o artigo 25 do decreto que regulamenta o Bolsa Família , o beneficiário perde o direito ao recebimento quando ocorre posse em cargo eletivo remunerado, de qualquer uma das três esferas de governo. Muitos políticos, porém, simplesmente ignoraram a norma e continuaram recebendo o auxílio social mesmo depois que a renda familiar elevou-se consideravelmente com os vencimentos correspondentes ao cargo público.
Até pode haver algum caso de desconhecimento, considerando-se a precariedade de algumas administrações municipais e parlamentos em regiões mais remotas do país. Mas a maioria dos casos resulta da falsa esperteza de quem se acha no direito de se apropriar de dinheiro público. O episódio contribui para o descrédito da classe política, mas também evidencia a dificuldade dos administradores do programa em manter um controle rígido dos benefícios, para que espertalhões não comprometam um sistema que favorece tanta gente necessitada. Os políticos flagrados com a mão na bolsa deveriam não apenas devolver o que receberam irregularmente, mas também ser submetidos a processo de revisão de seus mandatos.
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