VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 13 de outubro de 2013

FARSAS E FORÇAS


‘Enquanto não se conquista a reforma política real, é preciso combater, ainda que de forma pontual, a mentira da vida partidária nacional’

CHICO ALENCAR E MARCELO FREIXO
O GLOBO
Atualizado:13/10/13 - 12h38


A montanha não pariu um rato porque sua gestação ainda não acabou. Mas a continuada impermeabilidade das relações de poder e os “novelhos” partidos que surgiram vão na contramão dos protestos de junho e do clamor por outra forma de se fazer política no Brasil. Até aqui, o cenário institucional não tem sido expressão de projetos para o país, derivados dos interesses de grupos e classes sociais.

A degeneração da ideia de partido, com tantos nanicos de aluguel e gigantes que sofrem de nanismo moral, atrasa a República. As legendas tornaram-se organizações para si, abrigo de oportunistas que, a rigor, buscam apenas um lugar no sistema e ascensão na “carreira”. Quem afirmará que há, de fato, 32 correntes de opinião distintas no Brasil? Por mais que, no mundo contemporâneo, a economia colonize e uniformize a política, nossa sociedade é diversa, plural e tem grave déficit de justiça e democracia. Mas grande parte das organizações que se arvoram a representá-la está longe destes anseios, encastelada em seus cartórios e nas engrenagens bienais de captar votos e alocar parceiros na máquina pública para favorecer demandas privadas. Desideologização da política: o que explica o recente troca-troca de legendas é o metal sonante dos recursos do Fundo Partidário, o tempo de TV e rádio para a futura campanha e o controle da sigla no feudo eleitoral. Política de negócios e acertos fisiológicos que desencantam a cidadania.

Enquanto não se conquista a reforma política real, que só será substantiva se despertar o interesse da população — como a elaboração constitucional de há 25 anos —, é preciso combater, ainda que de forma pontual, a mentira da vida partidária nacional. Há iniciativas imediatas e plausíveis que produziriam uma decantação nesse festival de siglas e transferências mercantilistas: o fim das coligações nas eleições proporcionais, a proibição do financiamento empresarial das campanhas, um teto modesto para as doações de pessoas físicas, o cálculo de tempo de TV e de recursos do Fundo exclusivamente pelos votos obtidos nas urnas, sem a espúria “portabilidade” atual, a nominata eletiva que combina o voto consciente no partido com o voto complementar, que definirá os integrantes daquela bancada.

Os partidos não têm mais o monopólio da representação da sociedade. Mas continuam a jogar papel fundamental, desde que possuam inserção social, doutrina, causas e programas. É desejável que seus filiados atuem em movimentos sindicais e sociais, respeitando sua autonomia e pluralidade, sem pretender aparelhá-los como correia de transmissão. Autonomizar os partidos em relação às organizações que vocalizam demandas reais da população é condená-los ao artificialismo ou ao controle dos velhos clãs oligárquicos, estufa onde se gestam “vocações” políticas continuístas, autoritárias e corrompidas.

Chico Alencar é deputado federal e Marcelo Freixo é deputado estadual pelo PSOL/RJ

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