ZERO HORA 02 de fevereiro de 2015
EDITORIAL
Com uma estratégia desastrada de articulação, o governo possibilitou a eleição de um aliado ressentido para a presidência da Câmara, mas o país não pode ser punido por isso. A escolha do peemedebista Eduardo Cunha é encarada pela oposição como a possibilidade concreta de finalmente livrar o Congresso da submissão ao governo. Para os governistas, a derrota é o confronto com a infidelidade de parte das próprias bases e o fim do controle quase absoluto de aliados no Congresso. Para a população, o que importa é o aperfeiçoamento das relações entre o governo e o parlamento.
Até agora, não há sinais de que isso seja provável, mesmo que, logo depois de eleito, o novo presidente tenha dito que uma das suas missões é a de assegurar a governabilidade. O deputado fazia referência às especulações de que, após os ataques de aliados do Planalto durante a campanha, poderia conspirar contra os interesses do Executivo de forma sistemática. Disse o senhor Eduardo Cunha que não guarda mágoas dos governistas e que não marcará sua atuação como oposicionista ou situacionista, mas pelo bom senso.
É o que terá de prevalecer na sua gestão, se o próprio eleito deseja reverter expectativas criadas por um histórico de decisões impulsivas, sempre prontas a afrontar consensos estabelecidos pelo governo. A defesa dos interesses maiores da sociedade, e não dos parlamentares, dependerá do equilíbrio entre um Congresso que pretende ser independente e um governo que terá de respeitar a autonomia do Legislativo.
A grande dúvida, que ambos terão de responder da melhor forma, é o que o país ganha com a nova composição do comando da Câmara e suas consequências. Executivo e parlamento são desafiados a oferecer a melhor resposta, não a aliados ou adversários, mas aos cidadãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário