ZERO HORA 27 de fevereiro de 2015 | N° 18086
EDITORIAL
O pacote de vantagens para parlamentares anunciado nesta semana pelo presidente da Câmara Federal causa compreensível indignação nos demais brasileiros no momento em que a inflação dispara, os preços sobem e todos se veem na contingência de apertar os cintos. Por mais que se queira valorizar o Legislativo como poder indispensável para o funcionamento da democracia, não há como deixar sem crítica tamanha insensibilidade. Fazem parte dos benefícios anunciados pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) o famigerado auxílio- moradia, o aumento da verba de gabinete, a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar e a liberação de passagens aéreas para cônjuges de deputados – que custarão R$ 112,7 milhões aos cofres públicos, apenas neste ano.
As novas medidas entrarão em vigor emblematicamente no dia 1º de abril – data folclórica, que evidencia ainda mais o descompasso entre os cidadãos que pagam impostos e os políticos que os representam. Debitar na conta do contribuinte as passagens para maridos e esposas soa tão acintoso, que parlamentares de vários partidos já anunciaram que abrirão mão da prerrogativa.
Garante Eduardo Cunha que não está havendo reajuste, mas apenas correção inflacionária para que os parlamentares possam pagar condignamente os servidores de seus gabinetes. Cada deputado passará a contar com R$ 92 mil mensais para contratar e pagar funcionários. Tal argumentação até poderia ser aceita se o país não estivesse passando por uma crise econômica, em que todos os setores da sociedade estão sendo chamados a adotar medidas de austeridade. O mandato não pode ser utilizado para livrar seus portadores do sacrifício coletivo.
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