ZERO HORA 12 de fevereiro de 2015 | N° 18071
POLÍTICA + | Rosane de Oliveira
Até aqui, o governo está perdendo a batalha da comunicação no tema do transporte aeromédico. Para uma população comovida com a tragédia do menino argentino que caiu da sacada do hotel em Capão da Canoa, a mocinha da história é a médica Rossana de Carli, que requisitou o helicóptero. No papel de vilão, está o secretário João Gabbardo, por dizer que a criança poderia ter sido trazida para Porto Alegre em uma UTI móvel e que a médica tentou de todas as maneiras criar uma situação de exigência do helicóptero.
Só a transparência total sobre o processo mostrará quem tem razão. No programa Gaúcha Atualidade, Gabbardo insinuou que a equipe responsável pelo Samu aeromédico usou o caso do menino argentino para tentar reverter a decisão do governo de substituir os profissionais contratados pela Futura, uma organização social sem fins lucrativos, por médicos e enfermeiros do quadro do Estado.
O secretário colocou sob suspeita a forma pela qual o serviço é operado. O Estado repassa dinheiro para a prefeitura de Imbé, que faz convênio com a Associação dos Municípios do Litoral Norte e esta firma uma parceria com a Futura, que contrata os médicos e enfermeiros.
A Secretaria da Saúde pediu ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público Estadual que investiguem a legalidade do convênio. O deputado e ex-secretário Osmar Terra questiona a falta de transparência e o fato de o médico Maicon Vargas ter sido, ao mesmo tempo, coordenador do Samu. como servidor público, e responsável técnico pelo serviço aeromédico, contratado pela Futura.
Uma planilha com timbre da Futura mostra que em outubro Maicon recebeu R$ 9,1 mil como coordenador técnico do Samu Aeromédico, mais R$ 5,2 mil como médico. Sua mulher, a enfermeira Camila Cardoso Selau, aparece na lista da Futura com remuneração de R$ 8,2 mil.
Maicon Vargas garante que não há irregularidade no convênio.
VERSÕES DISTINTAS
A oposição na Assembleia aproveitou o cancelamento de um Grande Expediente que seria comandado ontem por Alexandre Postal (PMDB) para atacar o governo Sartori. Segundo a agenda oficial da Casa, Postal havia solicitado o espaço para fazer um balanço dos 40 primeiros dias da nova gestão. No entanto, o peemedebista cancelou o ato. Oposicionistas disseram que o motivo é a “falta de ações do governo” e se revezaram na tribuna para criticar a situação.
INTERROGAÇÕES SOBRE O METRÔ
A prefeitura de Porto Alegre deve finalizar o modelo de construção do metrô em março, quando terminará a análise das propostas de manifestação de interesse pela obra.
O secretário de Gestão, Urbano Schmitt, afirma que os recursos para o metrô estão garantidos pela União, mesmo com a crise.
Ele afirma que as fatias do município e do Estado na composição também estão asseguradas. Em Brasília, porém, há incertezas sobre a liberação de recursos em um ano de ajustes.
UM ESTADO EM EBULIÇÃO
A reação dos servidores públicos e da oposição ao pacote do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), dá uma ideia do que José Ivo Sartori enfrentará se seguir pelo mesmo caminho no Rio Grande do Sul.
O receituário de Richa para ajustar as finanças do seu Estado inclui aumento de impostos (IPVA e ICMS), redução de benefícios a servidores públicos e pagamentos de RPVs, além de uma medida extrema: o saque de R$ 8 bilhões do fundo de previdência do Paraná.
A votação depende da desocupação da Assembleia pelos servidores que estão no local desde terça-feira para obstruir o trabalho do Legislativo.
Entidades de servidores públicos e ex-dirigentes da Paranaprevidência garantem que o saque do montante, que seria utilizado para pagamento de contas da administração, pode deixar os servidores ao relento quando chegar a hora da aposentadoria.
O pacote despertou críticas de magistrados e advogados. A OAB-PR afirmou, em nota, que a crise “não pode ser equacionada com a oneração excessiva à população e aos funcionários públicos”.
Se comparado ao RS, o quadro das finanças do Paraná é menos preocupante. A dívida consolidada dos paranaenses é de R$ 20 bilhões, enquanto a do Rio Grande do Sul é de quase R$ 60 bilhões.
TRANSFERÊNCIA DE CCs
Por avaliar que havia excesso de cargos em comissão lotados na Casa Civil no governo Tarso Genro, o Piratini está transferindo CCs da pasta para outras secretarias.
Ontem, o Diário Oficial do Estado comunicou a realocação de 17 funcionários da Casa Civil para a Secretaria de Minas e Energia, e de outros sete para a pasta de Justiça e Direitos Humanos. O chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, pretende trabalhar com uma equipe mais enxuta.
OITENTA POR OITO
Aos poucos, tornam-se mais visíveis os cortes de cargos em comissão promovidos pelo governador José Ivo Sartori. Na Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (um dos órgãos que pode ser extinto pelo governo), 58 detentores de cargos em comissão foram exonerados e outros 22 servidores de carreira transferidos do setor.
No lugar desses 80 empregados que estavam na Fepps desde o governo Tarso Genro, Sartori nomeou oito pessoas.
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