VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

O PT E MACUNAÍMA



ZERO HORA 15 de fevereiro de 2015 | N° 18074



MARCOS ROLIM *



David Coimbra escreveu em sua coluna que o PT está morto. Penso que o óbito de fato ocorreu, embora o tenha por fato transcorrido há mais tempo. Não me refiro à circunstância de integrantes do partido terem se envolvido em atos de corrupção, porque se isso implicasse no falecimento não haveria instituição no Brasil.

No que tange à corrupção, inaceitável é a reação do partido, que oscila entre a leniência e a máxima ademarista do “rouba mas faz”. O titular dessa postura invertebrada, que faz lembrar a personagem Macunaíma, de Mário de Andrade, é o ex-presidente Lula.

Foi ele quem, sob o impacto da primeira denúncia do mensalão, se disse “traído” para, anos depois, afirmar que tudo havia sido uma “invenção”.

Agora, no escândalo da Petrobras, novamente, ao invés da indignação diante de uma roubalheira cujas cifras extrapolam a imaginação dos mortais, o que temos é a produção de um discurso solerte, direcionado a mentes cansadas, que sugere uma “armação” da direita e da mídia contra o PT.

A morte do partido que já encarnou o sonho de dignidade e justiça no Brasil é atestada por esse discurso e pela ausência de qualquer movimento sério no sentido de expurgar da legenda a máfia que nela se abrigou. Estamos diante de uma tristeza e de uma derrota de proporções históricas construída meticulosamente pelo pragmatismo desvairado, por pequenas vilanias cotidianas e pelo abandono da coragem cívica.

O PT virou um partido vocacionado ao oportunismo, um espaço onde irão florescer nulidades como o governador da Bahia, Rui Costa, que, diante de uma chacina de 12 jovens negros, torturados, com braços quebrados, olhos afundados e tiros na nuca, declara que, no momento do disparo de sua arma, o policial é como “o centroavante diante do gol”. Pode uma coisa dessas?

E o que os petistas dizem diante de algo assim? Nada. Porque nada têm a dizer sobre qualquer coisa de importante há muito tempo, porque abdicaram de disputar ideias e projetos, porque a máquina partidária se transformou em um moedor de carne que espanta a independência, a inteligência e a dignidade. Claro que há pessoas no PT que ainda se indignam e até mesmo se envergonham. Para elas, há a esperança de que algo possa mudar e de que o PT seja capaz de se renovar moralmente. É uma pena dizê-lo, mas não há um só indício que suporte tal pretensão.

*Jornalista e sociólogo

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