EDITORIAL
O que se pode desejar é que candidatos e partidos aproveitem o momento de extrema visibilidade para debater ideias e projetos destinados a tirar o país da estagnação.
Começa nesta terça-feira o horário eleitoral obrigatório em rádio e televisão, colocando definitivamente na pauta dos brasileiros as eleições gerais programadas para outubro, que definirão o presidente da República, os governadores e os parlamentares que comandarão a nação nos próximos quatro anos. A propaganda eleitoral, da maneira como está regrada, impõe uma deformação política ao país e fere a isonomia da disputa ao garantir mais tempo de tevê a coligações formadas por puro fisiologismo.
A fatalidade que vitimou o candidato Eduardo Campos e mais seis pessoas não apenas antecipou o debate e atraiu o foco das atenções nacionais para a política, mas também redesenhou as perspectivas da corrida presidencial, como mostra a primeira pesquisa de aferição de intenções de votos divulgada ontem pelo instituto Datafolha. Confirmada a candidatura da ex-ministra Marina Silva, o cenário é de segundo turno entre dois dos três favoritos: a presidente Dilma Rousseff, a própria Marina e o senador Aécio Neves. São eles, também, os detentores de maiores espaços na televisão, ainda que a distribuição seja desproporcional: a presidente Dilma terá 11 minutos e 24 segundos, o senador Aécio Neves terá quatro minutos e 35 segundos; e Marina Silva terá dois minutos e três segundos.
O que se pode desejar é que candidatos e partidos aproveitem o momento de extrema visibilidade para debater ideias e projetos destinados a tirar o país da estagnação econômica e a apontar um futuro melhor para os brasileiros. Só assim poderá ser mantido o interesse dos eleitores pela programação política, que costuma espantar telespectadores da TV aberta para canais pagos e para outras formas de entretenimento.
Cada vez que a propaganda obrigatória equivocadamente chamada de gratuita vai ao ar, fica mais evidente a urgência de uma reforma política que corrija deformações gritantes como a comercialização de tempo de tevê e o próprio instituto da reeleição, outra fonte geradora de desigualdade na disputa. A legislação atual é absurda, oficializa o desequilíbrio e desvirtua precauções bem-intencionadas. Exemplo: para concorrer a cargos legislativos, os ocupantes do Executivo são obrigados a renunciar a seus mandatos seis meses antes, para evitar que utilizem os mandatos em causa própria. Porém, para se reeleger, não precisam deixar os cargos – o que é uma evidente contradição.
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