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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

APREENSÃO E DESCONFIANÇA


ZERO HORA 04 de agosto de 2014 | N° 17880


EDITORIAL


O aumento da desconfiança entre empresários e governo é um dos indicativos de que a gestão da economia não vai bem.


Além dos indicadores com números da performance da economia, há outros sinais, também mensuráveis, capazes de esboçar o sentimento médio dos brasileiros com a situação do país. São as amostragens, baseadas em pesquisas, sobre o grau de confiança de empresários e da população com as perspectivas econômicas e sociais. Vem aumentando consideravelmente o nível de insegurança em relação a aspectos decisivos para quem pretende investir, consumir e planejar a vida. Não há mais como negar que um conjunto de fatores abala projetos de médio e longo prazo, com repercussão no investimento real, como observou em recente artigo para o jornal Folha de S. Paulo o ex-ministro e ex-deputado Delfim Netto.

O tema da sua abordagem é a desconfiança que fomenta boa parte das relações entre empresários e governo, num fenômeno que não é recente, mas tem se intensificado. Entre as muitas causas desse desencontro está, por exemplo, o embate do governo com investidores em obras ou concessões públicas, a partir do entendimento do Executivo de que o setor privado vinha desfrutando de exageradas taxas de retorno. Isso significa que, para o governo, as expectativas de ganhos com os investimentos deveriam ser reduzidas drasticamente, quando das licitações, para baratear obras e serviços. Criou-se, com essa decisão, entre os empreendedores, o sentimento de que parte importante do governo sentia-se desconfortável com a lucratividade de quem corre riscos.

A percepção generalizada passou a ser a de punição, não dos exageros, mas do próprio lucro. Como efeito dessa posição, desde o ano passado o governo vem revendo taxas de retorno, ou fracassaria na tentativa de licitar rodovias, ferrovias, portos e outros projetos de infraestrutura. Soma-se a isso a indecisão na correção de rumos da economia, excessivamente dependente do mercado interno, no encaminhamento de reformas importantes, em especial a tributária, no descontrole das contas públicas e nas idas e vindas da política monetária. Como exemplo, recentemente o Banco Central manteve a taxa básica de juro nos mesmos níveis e dias depois fez concessões na liberação de crédito, transmitindo falta de convicção aos mercados.

O governo, como observa Delfim, falhou ao não reagir a tempo ao esgotamento do período favorável às commodities, que vinha beneficiando o Brasil, e continua falhando ao não perceber o encolhimento do setor industrial e das exportações. A insegurança se manifesta também entre a população, como indica pesquisa realizada em julho pelo DataFolha, em que a maioria de 58% de entrevistados acredita no aumento da inflação.

Em tudo, a questão presente é a confiança, tema de um conhecido ensaio que o pensador americano Francis Fukuyama transformou em livro. A confiança é o maior bem a ser preservado, para que todos se beneficiem do desenvolvimento econômico. O bom nível de confiança nas relações da sociedade, incluindo governos, estabelece as bases para que um país avance. Este é o bem que o Brasil deve resgatar, independentemente de quem estiver no poder.

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