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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A VERDADE ABAFADA


ZERO HORA 06 de agosto de 2014 | N° 17882


EDITORIAL



O presidente do Senado já anunciou que irá investigar a fraude, numa reação previsível, mas que não deve estimular maiores expectativas porque a maioria parlamentar apoia o governo.

Os brasileiros foram alertados, pela denúncia de um esquema de perguntas e respostas arranjadas, na CPI da Petrobras no Senado, de como Congresso e governo se dedicaram a uma fraude. Ao invés de contribuir para o esclarecimento da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, os parlamentares, em conluio com assessores e dirigentes da estatal, teriam combinado o que indagar e o que responder. A denúncia foi feita pela revista Veja, a partir de conversas gravadas entre supostos envolvidos no esquema. São muito fortes os indícios de que os governistas, na empresa e no Parlamento, articularam um teatro na comissão. Membros da CPI, que recebiam um roteiro de questões, fingiam que perguntavam. E os depoentes, entre os quais integrantes do alto comando da Petrobras, fingiam que respondiam.

A notícia serviu para fazer outro alerta: a comissão, por incrível que possa parecer, já que pouco ou nada esclareceu até agora, continua funcionando. A encenação em torno do caso de Pasadena é mais uma prova do poder político dos que estendem suas influências às estatais, para assim realizar manobras escapistas.

São muitas as evidências de que a Petrobras foi aparelhada para que as tentativas de investigação da CPI, por mais tênues que fossem, resultassem em fracasso. A empresa já divulgou nota oficial com o argumento de que a simulação de perguntas e respostas faz parte de práticas de gestão, como forma de treinar servidores para eventos externos. Esse tipo de exercício é de fato utilizado por corporações privadas e públicas. Mas seria ingênuo imaginar-se que a manipulação dos depoimentos na CPI seja resultante desse tipo de treinamento.

O que a revista revelou é um fingimento claramente caracterizado como delito. No rastro da denúncia, reproduziram­-se argumentos que tentam minimizar a gravidade do caso, como o de que tais atitudes são corriqueiras em CPIs. De acordo com esse raciocínio, como a armação em comissões de inquérito é recorrente, todos deveriam ser anistiados. Não é o que se espera do Senado. O presidente da Casa já anunciou que irá investigar a fraude, numa reação previsível, mas que não deve estimular maiores expectativas porque a maioria parlamentar apoia o governo. Anuncia-se também que a Polícia Federal foi informada do ocorrido, para que participe das sindicâncias.

Não há o que esperar do Senado, que foi incapaz de se prevenir e de identificar o escândalo agora denunciado. É pouco provável que seja competente para chegar aos cúmplices dentro do Congresso e, se for o caso, puni-los.

A oposição, que, em minoria, boicotou a CPI, também é, indiretamente, responsável pelo ocorrido. CPIs têm raros exemplos de êxito, e esta passa a figurar entre as que contribuem apenas para a desmoralização do Legislativo. Além da comissão no Senado, o Congresso instalou, há pouco mais de dois meses, outra CPI Mista, com integrantes das duas casas legislativas e com o mesmo objetivo. O comportamento adotado pelos parlamentares até aqui abala a esperança dos que esperam ver, finalmente, o negócio de Pasadena esclarecido.

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