VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 9 de agosto de 2014

FORÇA AÉREA ELEITORAL

REVISTA ISTO É N° Edição: 2333 | 08.Ago.14

Uso dos jatos da FAB pelos ministros quase dobra durante a campanha, o que contraria a cartilha que recomenda preservar a máquina pública nas eleições

Josie Jeronimo 


Todo ano de eleição, a Advocacia-Geral da União (AGU) publica uma detalhada cartilha com explicações aos agentes públicos federais sobre o que não deve ser feito para preservar a máquina pública da fúria das campanhas eleitorais. O manual de 2014 é bem claro ao proibir servidores e autoridades de pedir votos ou anunciar preferências partidárias durante eventos oficiais e, muito menos, de utilizar bens da União em agendas políticas. Apesar das recomendações, os pedidos de voos da Força Aérea Brasileira (FAB) por ministros logo na largada da corrida eleitoral mostram que a orientação do governo foi deixada de lado. Nos meses de junho e julho deste ano foram feitas 335 solicitações, o que corresponde a um aumento de 78% em relação ao mesmo período do ano passado. A maioria das viagens dos ministros se enquadra no que passou a ser conhecido como “agenda casada”. Nessas viagens, os ministros de fato participam de eventos oficiais, mas também fazem reuniões políticas e ajudam os aliados em suas bases.



O ministro da Agricultura, Neri Geller, é um dos adeptos dessa prática. Matogrossense, ele pediu ajuda à FAB no mês de julho para cumprir oito agendas fora de Brasília. Metade dos compromissos se concentrou em Cuiabá e Sinop, região onde atua seu padrinho político, o senador licenciado Blairo Maggi (PMDB). No dia 31 de julho, Geller deixou Brasília com destino à capital do Estado, acompanhado de uma comitiva de seis pessoas. O grupo foi prestigiar a Expoagro, feira organizada pelos principais empresários do agronegócio de Mato Grosso. Depois da aparição pública na feira, o ministro se fechou em reuniões com o PP e o PDT. Geller aproveitou para pedir votos. “O PP está conosco na esfera federal. Queremos esse apoio também aqui em Mato Grosso”, afirmou após os encontros políticos.



Em alguns casos, as autoridades utilizam a aeronave da FAB para visitar obras que não pertencem às suas pastas. Um exemplo é a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos. Na noite do dia 2, ela pegou um avião da FAB e foi a Joinville (SC) inaugurar na tarde do dia seguinte um empreendimento do Minha Casa Minha Vida. Estava cercada de candidatos aliados. No dia 4 de julho, em uma viagem a Palmas (TO), ela posou ao lado de políticos para fotos de “santinhos”. Na ocasião, ela permitiu o registro de imagens no momento em que entregou a chave de um automóvel comprado com recursos federais ao candidato a governador Ataídes Oliveira (PROS), integrante da coligação que apoia a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Ignorando a cartilha da AGU, Ideli aproveitou a entrega do carro para elogiar Oliveira. “A solicitação de Ataídes é de muita importância para o Tocantins”, discursou.



Outros exemplos ajudam a explicar como os gastos de junho e julho com combustível dos aviões da Força Aérea chegaram a R$ 283 milhões – R$ 22 milhões a mais que no mesmo período de 2013. No dia 30 de junho, o ministro da Pesca, Eduardo Lopes, estava no Rio e solicitou um avião da FAB. De lá, voou com outras oito pessoas para São Paulo, onde participou da convenção do PRB, partido ao qual é filiado. ISTOÉ entrou em contato com a assessoria dos ministros citados nesta reportagem, mas as pastas não deram explicações sobre a agenda política. Com tantas viagens, fica mais difícil encontrar os ministros em Brasília.




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