EDITORIAL
O horário político está tecendo loas às candidaturas ao governo do Estado e ao Palácio do Planalto. Peças bem feitas, embora bem repetitivas na comparação com pleitos anteriores, nas quais os candidatos apontam o que há de bom e o que pretendem fazer, se eleitos forem. É bom que assim seja, cabendo aos eleitores decidirem pelos que julgarem melhores para o Rio Grande do Sul e o País. No entanto, sabe-se que houve uma onda contestadora. É difusa e muitos bradaram nas ruas quebrando lojas, agências bancárias e queimando veículos sem saber, exatamente, o que desejam mudar ou por qual motivo protestavam. A não ser que exista apenas o ímpeto do furto. Muitos brasileiros estão cansados, bradando que não querem mais ouvir falar de CPIs, de acusações, do mensalão e das epidemias de gripe.
Esse clamor, em maior ou menor intensidade, tem chegado às redações dos jornais, rádios e tevês. Aquelas reivindicações são as pautas, os assuntos principais que estão postos à disposição dos editores, dos repórteres, dos que garimpam o que interessa mais aos leitores, ouvintes e telespectadores. Às vezes, não se pode negar, enjoa mesmo tratar dos mesmos assuntos por semanas a fio, sem que se chegue a um final, seja para que lado for.
Há, no Brasil da campanha política de 2014, uma multidão dos que não viveram o suficiente em termos de debates. Por isso, os que se abstêm de pensar sobre em quem votarão para os Legislativos estadual e federal, Câmara e Senado, com certeza não é de uma carpideira que precisam, mas de um adivinho. Talvez até necessitem de um Édipo que lhes explique seu próprio enigma, cujo sentido não detêm. Por isso, é preciso, se houver segundo turno no Estado e no País, ouvir palavras que jamais foram ditas, que ficaram no fundo dos corações dos eleitores. Por isso mesmo, que cada um de nós perscrute o seu coração porque essas palavras, essas indagações estão lá. É preciso fazer com que os silêncios do que não foi dito falem para que o Estado e o Brasil ouçam.
O fato é que todos temos que começar a pensar bem na trajetória dos candidatos, no que fizeram, comparar com outras propostas e a realidade estadual e nacional e escolhermos alguém para continuar dirigindo o Rio Grande do Sul e o Brasil ou trocarmos o comando. Isso, cabe a nós, somente a nós, eleitores. Da mesma forma, escoimar as besteiras em termos de nomes fictícios e as palhaçadas de certos candidatos que, apesar ou por causa disso, encantam muitos eleitores. Por isso, as pessoas, com certeza, continuarão a reclamar do noticiário repetitivo pelas próximas semanas, no mínimo.
O que prejudica a todos é a inteligência dos velhacos que agem nas sombras. Não podemos nos enganar sobre um ponto básico, o de que o princípio da democracia nem sempre é a virtude, mas sim o ciúme e a inveja. É que quando cada um deseja ser o governante, todos se opõem e não permitem que apenas um mande. Aí vem o equilíbrio no tão citado, mas pouco entendido, Estado Democrático de Direito. Há nomes, suposições e frases na base do “acho, penso, julgo que o fulano afirmou...”. Ora, é preciso desidratar, urgentemente, as suposições para que provas, dados, fatos, números e tudo o que for irrefutável venha a público.
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