VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 28 de março de 2013

CARTÃO AMARELO

ZERO HORA 28 de março de 2013 | N° 17385


EDITORIAIS


A interdição do estádio Engenhão pela prefeitura do Rio de Janeiro, por falhas estruturais na cobertura, representa um verdadeiro cartão amarelo para as obras de engenharia da Copa do Mundo. Por conta do calendário e da pressão justificada da Fifa, estádios de futebol estão sendo construídos ou reformados em ritmo acelerado, para que tudo esteja pronto nos prazos estabelecidos. O açodamento, porém, não justifica o desleixo ou a má-fé de quem constrói e a omissão de quem deveria fiscalizar. O Engenhão foi inaugurado em junho de 2007 e não poderia apresentar, em tão pouco tempo, problemas que oferecem risco à segurança dos frequentadores, especialmente se considerarmos que a obra custou R$ 380 milhões ao município, seis vezes mais do que o orçado no início do projeto.

O estádio é um dos que devem abrigar a Olimpíada de 2016 e não faz parte dos locais escolhidos para a Copa. O mau exemplo, no entanto, é uma advertência para obras do mesmo porte, que estão em execução em cidades-sedes da maior competição do futebol mundial. A interdição denuncia uma série de desmandos. É lamentável que as empreiteiras responsáveis tenham só agora admitido que a falha estrutural, capaz de fazer a cobertura ruir sob vento acima de 62 km/h, conforme alerta uma perícia, existe desde a inauguração. Como um ambiente público com uma estrutura condenada desde a abertura sediou os Jogos Pan-Americanos, sem que nenhuma autoridade submetesse suas instalações a uma inspeção rigorosa? O Engenhão chegou a ser apresentado, quando da inauguração, como o mais moderno e mais belo estádio da América Latina, o que significa que a exaltação de suas virtudes pela engenharia não era garantia de nada.

Informações que vêm sendo divulgadas desde o início das obras destinadas à Copa, muitas das quais sem relação direta com os locais dos jogos, apontam indícios de que a pressa tem caracterizado a condução dos trabalhos nos últimos meses. São muitos os problemas listados, a maioria relacionados com deficiências de gestão, superfaturamento e, em alguns casos, defeitos técnicos que, até o momento, não sugerem maior gravidade. A preocupação com o tempo perdido no início das obras, o que provocou críticas da própria Fifa, não pode levar ao descaso com a segurança na execução dos projetos.

O Engenhão pertence ao município e foi erguido com recursos públicos. Esse é o perfil de muitos estádios planejados para a Copa. Mesmo os que são construídos por iniciativa dos clubes dependeram, em algum momento, do suporte de financiamentos subsidiados do BNDES, um banco sustentado pelo governo federal. Por esse e outros motivos, o impasse surgido no Rio não interessa apenas a quem eventualmente frequenta espetáculos de futebol. Há um evidente desperdício de recursos públicos, provocado pela ineficiência privada e pela incúria estatal. A interdição é um alerta às autoridades de outros Estados, para que não surjam surpresas desagradáveis às vésperas da Copa e as melhores expectativas com os benefícios do evento não sejam frustradas.


Nenhum comentário: