EDITORIAIS
O país espera que se cumpra o apelo do presidente da Câmara para que chegue ao fim a crise provocada com a escolha de Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Casa. A solução, disse o senhor Henrique Alves, num apelo à direção do partido de Feliciano, deve ser rápida e respeitosa com o país.
A única solução respeitosa é o afastamento imediato do político da liderança da comissão, diante da sua resistência em pedir para sair. Que se respeitem assim todos os ofendidos pela indicação do parlamentar, ou seja, a sociedade, que rejeita a discriminação de gays e de negros, tratados como cidadãos de segunda categoria pelo deputado. Feliciano não é um exemplar incomum na política, que ainda acolhe defensores de posições em completo desacordo com os avanços da civilização. A liberdade de manifestação lhes assegura o direito de dizerem o que pensam, desde que se submetam às consequências de seus atos.
O caso de Feliciano é mais grave. O deputado passou a presidir um grupo de trabalho do Congresso criado exatamente para vigiar posturas como as adotadas por ele. É uma incoerência para o parlamento que um de seus integrantes ocupe função tão relevante para o reconhecimento dos direitos humanos, enquanto alardeia preconceitos com naturalidade. A reação à nomeação de Feliciano chegou aos seus próprios colegas, depois de provocar manifestações de entidades como a OAB e do procurador-geral da República. O parlamentar é o principal, mas não o único, personagem desse imbróglio. Ele somente assumiu a tarefa que não pode desempenhar por indicação de seu partido e pela omissão silenciosa de colegas de outras agremiações.
É preciso esclarecer, no entanto, que a rejeição geral, expressa em manifestações públicas, nas redes sociais e na imprensa, não tem relação com sua religião. O próprio rejeitado tem procurado causar essa confusão, para escamotear seus preconceitos e adiar um desfecho inevitável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário