ZERO HORA 21 de março de 2013 | N° 17378 ARTIGOS
Carla Dias*
Sou descendente de família portuguesa. Devido às condições desfavoráveis em Portugal, meu avô, em uma atitude arrojada, arregaçou as mangas e veio para o Brasil.
A vida não lhe foi fácil, mas junto a sua Maximina foram para a Ilha dos Marinheiros, onde trabalhavam na lavoura e na produção artesanal de um fermentado conhecido como jurupiga.
Mudando-se para a ci-dade de Rio Grande, minha avó, apesar de analfabeta, foi sábia e de muita raça. De uma de minhas tias, ouvia sempre: “Mamãe era o cérebro, papai era o trabalho”. E, com muita convicção, concluíram que os filhos precisavam de estudo, sendo a maior herança que lhes deixariam. Montaram, então, um pequeno restaurante junto ao cais do porto. Assim formaram meu pai advogado, outro funcionário da Viação Férrea e a filha professora de Filosofia.
De tudo isso que narrei, o caro leitor deve estar se perguntando: “E o que têm os precatórios a ver com isso?”.
Têm e muito. Meu avô sempre usou grandes bigodes, num tempo em que as palavras realmente valiam cada fio que se tinha nele e o seu poder representava o caráter de um homem. Uma vez proferida a promessa, não se voltava atrás!
Mesmo de bigodes, o senhor Tarso Genro, governador do RS, alardeia na mídia que está pagando os precatórios, mostrando uma senhora de 107 anos que até a casa vai reformar e tratar-se da coluna.
Tenho, senhor governador, 50 anos. Há duas semanas, fui internada de urgência por conta de uma trombose na artéria femoral direita. Foi aí que vi como é fácil estar viva e de um momento para outro a vela da vida simplesmente apagar-se. Desde 2005, espero, como professora com carga horária que até o ano passado era de 60 horas, o que me é devido por este governo. Creio que só deixarei ao meu filho a sede pela verdadeira justiça.
No Brasil, quase tudo tornou-se um grupo de víboras politiqueiras que só se acalmam com as benesses arbitrárias e injustas. Haja vista uma atulhada Câmara de Deputados... um Senado com cadeiras vitalícias e, no nosso RS, uma Assembleia Legislativa inoperante e na grande maioria das vezes a serviço do governo atual mesmo quando os concursados gritam pelos seus direitos. Porém, o que me consola é que, mais cedo ou mais tarde, as máscaras cairão e, segundo Maximina, “a verdade fará falar os mudos!”.
Sou descendente de família portuguesa. Devido às condições desfavoráveis em Portugal, meu avô, em uma atitude arrojada, arregaçou as mangas e veio para o Brasil.
A vida não lhe foi fácil, mas junto a sua Maximina foram para a Ilha dos Marinheiros, onde trabalhavam na lavoura e na produção artesanal de um fermentado conhecido como jurupiga.
Mudando-se para a ci-dade de Rio Grande, minha avó, apesar de analfabeta, foi sábia e de muita raça. De uma de minhas tias, ouvia sempre: “Mamãe era o cérebro, papai era o trabalho”. E, com muita convicção, concluíram que os filhos precisavam de estudo, sendo a maior herança que lhes deixariam. Montaram, então, um pequeno restaurante junto ao cais do porto. Assim formaram meu pai advogado, outro funcionário da Viação Férrea e a filha professora de Filosofia.
De tudo isso que narrei, o caro leitor deve estar se perguntando: “E o que têm os precatórios a ver com isso?”.
Têm e muito. Meu avô sempre usou grandes bigodes, num tempo em que as palavras realmente valiam cada fio que se tinha nele e o seu poder representava o caráter de um homem. Uma vez proferida a promessa, não se voltava atrás!
Mesmo de bigodes, o senhor Tarso Genro, governador do RS, alardeia na mídia que está pagando os precatórios, mostrando uma senhora de 107 anos que até a casa vai reformar e tratar-se da coluna.
Tenho, senhor governador, 50 anos. Há duas semanas, fui internada de urgência por conta de uma trombose na artéria femoral direita. Foi aí que vi como é fácil estar viva e de um momento para outro a vela da vida simplesmente apagar-se. Desde 2005, espero, como professora com carga horária que até o ano passado era de 60 horas, o que me é devido por este governo. Creio que só deixarei ao meu filho a sede pela verdadeira justiça.
No Brasil, quase tudo tornou-se um grupo de víboras politiqueiras que só se acalmam com as benesses arbitrárias e injustas. Haja vista uma atulhada Câmara de Deputados... um Senado com cadeiras vitalícias e, no nosso RS, uma Assembleia Legislativa inoperante e na grande maioria das vezes a serviço do governo atual mesmo quando os concursados gritam pelos seus direitos. Porém, o que me consola é que, mais cedo ou mais tarde, as máscaras cairão e, segundo Maximina, “a verdade fará falar os mudos!”.
*PROFESSORA, LICENCIADA EM HISTÓRIA E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO UFPEL
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