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sábado, 16 de março de 2013

IDH: POR QUE PAROU, PAROU POR QUE?

ZERO HORA 16 de março de 2013 | N° 17373 ARTIGOS

Flavio Comim*

Apesar da notícia do “crescimento zero” do Brasil no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, em 2012 não ser uma surpresa, pois reflete uma desaceleração de longo prazo do IDH brasileiro, fica a pergunta sobre por que o país não consegue avançar nesse indicador. O Brasil agora se encontra na 85ª posição do IDH, muito atrás de países como Chile (40ª), Argentina (45ª), Uruguai (51ª), Cuba e Panamá (59ª) e México (61ª).

Uma olhada rápida nos três principais grupos de indicadores do IDH mostra que pouco mudou de 2011 para 2012. Com base nos dados oficiais atualizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, temos que na saúde a expectativa de vida ao nascer no país cresceu apenas 0,4% em 2012 passando a 73,8 anos (a mais baixa entre os maiores países da América Latina).

Similarmente, na educação, as duas variáveis que medem o progresso do país permaneceram inalteradas, ou seja, a variável “anos médios de estudo” continuou em 7,2 anos (também a mais baixa entre esses países latino-americanos) e a variável “anos esperados de estudo” seguiu em 14,2 anos em 2012. Já em relação à renda nacional bruta, a situação não foi muito melhor, pois ela cresceu apenas 0,65%, passando a US$ 10.152 per capita em 2012.

No entanto, se pararmos para pensar, como poderia ser o contrário? Temos a maior taxa de abandono da escola primária entre grandes países da América Latina (24,3%), uma das maiores taxas de homicídios (21 por 100 mil habitantes), o pior índice de satisfação com a saúde (somente 44% de pessoas satisfeitas), uma das mais altas taxas de mortalidade infantil (17 por 1 mil nascidos vivos) e de maior fertilidade na adolescência (76 por 1 mil mulheres entre 15-19 anos).

O foco estreito da política social brasileira em programas de transferência de renda ignora que o desenvolvimento é um fenômeno multidimensional e que para produzir justiça social precisa focar no que é básico na sociedade. O IDH parou porque a cidadania brasileira ainda não tem claro o suficiente que é preciso exigir de seus governantes um compromisso com padrões mínimos e básicos de saúde e educação para uma vida mais digna.

*PROFESSOR DE ECONOMIA DA UFRGS



ZERO HORA 16 de março de 2013 | N° 17373

EDITORIAIS - Avanço lento


A divulgação do novo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) está suscitando controvérsias no país. Enquanto integrantes de partidos de oposição se aproveitam da estagnação do Brasil na 85ª posição entre os países analisados no ranking das Nações Unidas (ONU), o governo alega que os dados usados na medição estão defasados. A ressalva procede pelo menos sob o ponto de vista dos indicadores relativos à educação, mas também é verdade que os avanços constatados estão em descompasso com os obtidos por nações integrantes do chamado Brics – do qual fazem parte, além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – e até mesmo de países sul-americanos.

Mesmo contestado por fontes oficiais brasileiras, o próprio levantamento chama a atenção para o fato de o país estar incluído num grupo de 15 que mais avançaram no IDH desde 1990. Os avanços levados em conta, no caso, são os relacionados a educação, longevidade e renda.

O relatório ressalta os esforços brasileiros na área social, que contribuíram para retirar contingentes expressivos da condição de miséria. Ainda assim, países historicamente à frente do Brasil, incluindo vizinhos como Argentina, Uruguai e Chile, continuam avançando num ritmo maior. E, embora o Pnud reconheça o uso de dados defasados e admita uma melhora relativa do país caso fossem atualizados, o fato é que os avanços no âmbito da renda per capita foram modestos. Ao mesmo tempo, os da área de educação e saúde também ficaram distantes dos esperados. A taxa de escolaridade, por exemplo, continua baixa, enquanto a expectativa de vida segue longe da registrada em países incluídos no grupo dos mais desenvolvidos.

Simultaneamente ao combate à miséria, o Brasil precisa apostar na qualificação do ensino e na melhoria do atendimento na área de saúde pública, garantindo mais anos de estudo e maior expectativa de vida ao nascer. São conquistas que não são obtidas de um momento para outro, nem numa única administração, e que, por isso, precisam ser perseguidas com obstinação e de forma planejada.

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