REVISTA ISTO É EDIÇÃO 2287
Ricardo Arnt
Ricardo Arnt é diretor da revista Planeta
Se a Câmara de Deputados providenciar transporte conjunto para os parlamentares presos em regime semiaberto na Penitenciária da Papuda, em Brasília, poderá economizar recursos
Agentes penitenciários instalados na Esplanada dos Ministérios, no “Acampamento pelo Direito à Defesa da Vida e da Família dos Agentes Penitenciários” (eles querem a derrubada do veto da presidenta ao Projeto de Lei 87, que autoriza porte de arma fora do serviço), revelaram mais detalhes da obra que está sendo finalizada na “Papuda”, a penitenciária do Distrito Federal, ao custo de R$ 3,4 milhões.
Com a ampliação em curso, o novo Centro de Progressão Penitenciária (CPP) oferecerá instalações modernas para uma casta de presidiários notáveis. Entre eles estão o empresário Wagner Canhedo, o deputado Natan Donadon, condenados do mensalão, como os deputados Pedro Henry, Valdemar Costa Neto e José Genoíno, banqueiros e publicitários.
Segundo os agentes, o CPP disporá de “suítes de luxo, não celas”. Internamente o centro já ganhou o apelido de “Anexo Cinco da Câmara”. Exageros maliciosos à parte, Cláudio de Moura Magalhães, subsecretário do sistema penitenciário do Distrito Federal – que é governado pelo petista Agnelo Queiroz –, confirmou que a obra estará pronta em julho de 2014 e oferecerá 600 vagas para penas em regime semiaberto, aquele em que o condenado dorme na prisão, mas trabalha fora durante o dia. Atualmente, os detentos em regime semiaberto dormem em beliches ou treliches. Após a reforma, passarão a descansar em camas individuais.
Réus primários têm o direito de cumprir a pena onde trabalham ou perto da família. No caso dos deputados federais, eles podem optar por Brasília, já que a Câmara está instalada na capital, embora ainda falte definir se parlamentares condenados na Justiça podem continuar exercendo os mandatos normalmente – uma situação esdrúxula até para padrões brasileiros. Se a Câmara providenciar transporte conjunto para seus membros presos em regime semiaberto da Bancada da Papuda, poderá economizar recursos.
O ex-ministro José Dirceu contou a amigos que gostaria de cumprir seus dez anos e dez meses de prisão no Centro de Ressocialização de Limeira, a 151 quilômetros da capital paulista, perto de Vinhedo, onde mora. Outra alternativa seria o Presídio de Tremembé, a 147 quilômetros de São Paulo. Após cumprir um sexto da sentença (um ano e quatro meses), o ministro poderá pedir progressão para o regime semiaberto e continuar a fazer política.
A propósito, em setembro a Justiça de São Paulo concedeu a mudança para regime semiaberto ao jornalista Antonio Pimenta Neves, preso por assassinar a ex-namorada Sandra Gomide, em agosto de 2000. O jornalista cumpriu dois anos e três meses de prisão, com comportamento exemplar. Na verdade, estava preso desde 2011, quando o Supremo Tribunal Federal negou o último dos muitos recursos impetrados por seus advogados e determinou sua prisão imediata – 11 anos após o crime.
O ex-diretor de “O Estado de S. Paulo” foi condenado a 19 anos de prisão por júri popular, em 2006, mas conseguiu reduzir a pena para 15 anos no Superior Tribunal de Justiça. Agora, vai poder voltar a circular em São Paulo. No Brasil, todos são desiguais perante a lei e os advogados existem para ratificar a desigualdade.
Ricardo Arnt é diretor da revista Planeta
Ricardo Arnt
Ricardo Arnt é diretor da revista Planeta
Se a Câmara de Deputados providenciar transporte conjunto para os parlamentares presos em regime semiaberto na Penitenciária da Papuda, em Brasília, poderá economizar recursos
Agentes penitenciários instalados na Esplanada dos Ministérios, no “Acampamento pelo Direito à Defesa da Vida e da Família dos Agentes Penitenciários” (eles querem a derrubada do veto da presidenta ao Projeto de Lei 87, que autoriza porte de arma fora do serviço), revelaram mais detalhes da obra que está sendo finalizada na “Papuda”, a penitenciária do Distrito Federal, ao custo de R$ 3,4 milhões.
Com a ampliação em curso, o novo Centro de Progressão Penitenciária (CPP) oferecerá instalações modernas para uma casta de presidiários notáveis. Entre eles estão o empresário Wagner Canhedo, o deputado Natan Donadon, condenados do mensalão, como os deputados Pedro Henry, Valdemar Costa Neto e José Genoíno, banqueiros e publicitários.
Segundo os agentes, o CPP disporá de “suítes de luxo, não celas”. Internamente o centro já ganhou o apelido de “Anexo Cinco da Câmara”. Exageros maliciosos à parte, Cláudio de Moura Magalhães, subsecretário do sistema penitenciário do Distrito Federal – que é governado pelo petista Agnelo Queiroz –, confirmou que a obra estará pronta em julho de 2014 e oferecerá 600 vagas para penas em regime semiaberto, aquele em que o condenado dorme na prisão, mas trabalha fora durante o dia. Atualmente, os detentos em regime semiaberto dormem em beliches ou treliches. Após a reforma, passarão a descansar em camas individuais.
Réus primários têm o direito de cumprir a pena onde trabalham ou perto da família. No caso dos deputados federais, eles podem optar por Brasília, já que a Câmara está instalada na capital, embora ainda falte definir se parlamentares condenados na Justiça podem continuar exercendo os mandatos normalmente – uma situação esdrúxula até para padrões brasileiros. Se a Câmara providenciar transporte conjunto para seus membros presos em regime semiaberto da Bancada da Papuda, poderá economizar recursos.
O ex-ministro José Dirceu contou a amigos que gostaria de cumprir seus dez anos e dez meses de prisão no Centro de Ressocialização de Limeira, a 151 quilômetros da capital paulista, perto de Vinhedo, onde mora. Outra alternativa seria o Presídio de Tremembé, a 147 quilômetros de São Paulo. Após cumprir um sexto da sentença (um ano e quatro meses), o ministro poderá pedir progressão para o regime semiaberto e continuar a fazer política.
A propósito, em setembro a Justiça de São Paulo concedeu a mudança para regime semiaberto ao jornalista Antonio Pimenta Neves, preso por assassinar a ex-namorada Sandra Gomide, em agosto de 2000. O jornalista cumpriu dois anos e três meses de prisão, com comportamento exemplar. Na verdade, estava preso desde 2011, quando o Supremo Tribunal Federal negou o último dos muitos recursos impetrados por seus advogados e determinou sua prisão imediata – 11 anos após o crime.
O ex-diretor de “O Estado de S. Paulo” foi condenado a 19 anos de prisão por júri popular, em 2006, mas conseguiu reduzir a pena para 15 anos no Superior Tribunal de Justiça. Agora, vai poder voltar a circular em São Paulo. No Brasil, todos são desiguais perante a lei e os advogados existem para ratificar a desigualdade.
Ricardo Arnt é diretor da revista Planeta
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