ZERO HORA 12 de setembro de 2013 | N° 17551
ENTREVISTA
“PDT perdeu absolutamente a referência do que já foi”
A Operação Esopo, da Polícia Federal, trouxe problemas ao PDT que vão além da demissão de Paulo Pinto, secretário executivo do Ministério do Trabalho – pasta comandada pelo partido desde o governo Lula. Diante da suspeita de desvio de R$ 400 milhões, integrantes da sigla se reuniram ontem com o presidente nacional, Carlos Lupi, para sugerir que o partido deixe o ministério. Lupi teria rejeitado. Como resposta, deputados ameaçam deixar a legenda, entre eles Miro Teixeira (PDT-RJ). A Rede, de Marina Silva, poderá ser o destino dele e de outros parlamentares.
Zero Hora – Deputados do PDT foram ao encontro de Lupi pedir que o partido entregasse o Ministério do Trabalho. A solicitação teria sido negada e um grupo de descontentes ameaça deixar o PDT. É isso?
Miro Teixeira – Eu não estava nessa reunião, mas a descrição do caso é absolutamente verdadeira.
ZH – Pensa em sair do PDT?
Miro – Estou achando que o PDT perdeu absolutamente a referência do que já foi. E outros companheiros também acham. Essa é uma discussão que vai ter de ser travada internamente. Não é uma decisão solitária, depende de conversa com outros companheiros.
ZH – O que levou o PDT a perder a referência?
Miro – São muitas coisas acumuladas. No Rio Grande do Sul, há uma certa dificuldade de perceber o que se passa com o PDT porque o partido é muito bem organizado, a exemplo dos outros. O RS tem uma tradição de boa realização político-partidária, de alinhamento das pessoas aos partidos. Mas o que se passa em outros Estados é muito dramático. O monopólio do tempo de televisão por um grupo em detrimento de outro do partido, por exemplo. Não há democracia interna relevante, expressiva. Você não vê o PDT à frente de uma discussão política. Isso é deixar de ter referência. O PDT deixou de ser referência como foi na luta contra as privatizações e na resistência à reforma da previdência. Hoje é apenas um partido muito parecido com alguns outros.
ZH – O senhor está se aproximando da Marina Silva para ingressar na Rede?
Miro – Estou ajudando a coletar assinaturas para a Marina. Ela está sendo perseguida. Querem impedi-la de formar um partido e de concorrer à Presidência da República. Estamos organizando grupos de parlamentares de partidos diversos em uma luta pela democracia. O país precisa ter candidatos livremente. Ontem (terça-feira) eu falei com Roberto Freire (PPS) sobre isso. Do RS, quem está envolvido com isso é o Pedro Simon (PMDB). É um sentimento crescente para impedir esse tipo de opressão que faz com que cartórios eleitorais deixem de cumprir prazos previstos em lei em notório prejuízo para a formação da Rede. É muito vergonhoso o que estamos passando. Depois que a ministra Laurita Vaz, do Tribunal Superior Eleitoral, fez advertência aos chefes de cartório nos Estados, a coisa piorou. A média de rejeição de assinaturas, que era de 18% nacionalmente, foi para 32%.
ZH – A perseguição a Marina seria da Justiça ou do governo?
Miro – É de todos. Não teve aqui (Congresso) o projeto que era pra impedi-la de fazer o partido? Agora essa questão está paralisada no STF.
carlos.rollsing@zerohora.com.brCARLOS ROLLSING
ENTREVISTA
“PDT perdeu absolutamente a referência do que já foi”
A Operação Esopo, da Polícia Federal, trouxe problemas ao PDT que vão além da demissão de Paulo Pinto, secretário executivo do Ministério do Trabalho – pasta comandada pelo partido desde o governo Lula. Diante da suspeita de desvio de R$ 400 milhões, integrantes da sigla se reuniram ontem com o presidente nacional, Carlos Lupi, para sugerir que o partido deixe o ministério. Lupi teria rejeitado. Como resposta, deputados ameaçam deixar a legenda, entre eles Miro Teixeira (PDT-RJ). A Rede, de Marina Silva, poderá ser o destino dele e de outros parlamentares.
Zero Hora – Deputados do PDT foram ao encontro de Lupi pedir que o partido entregasse o Ministério do Trabalho. A solicitação teria sido negada e um grupo de descontentes ameaça deixar o PDT. É isso?
Miro Teixeira – Eu não estava nessa reunião, mas a descrição do caso é absolutamente verdadeira.
ZH – Pensa em sair do PDT?
Miro – Estou achando que o PDT perdeu absolutamente a referência do que já foi. E outros companheiros também acham. Essa é uma discussão que vai ter de ser travada internamente. Não é uma decisão solitária, depende de conversa com outros companheiros.
ZH – O que levou o PDT a perder a referência?
Miro – São muitas coisas acumuladas. No Rio Grande do Sul, há uma certa dificuldade de perceber o que se passa com o PDT porque o partido é muito bem organizado, a exemplo dos outros. O RS tem uma tradição de boa realização político-partidária, de alinhamento das pessoas aos partidos. Mas o que se passa em outros Estados é muito dramático. O monopólio do tempo de televisão por um grupo em detrimento de outro do partido, por exemplo. Não há democracia interna relevante, expressiva. Você não vê o PDT à frente de uma discussão política. Isso é deixar de ter referência. O PDT deixou de ser referência como foi na luta contra as privatizações e na resistência à reforma da previdência. Hoje é apenas um partido muito parecido com alguns outros.
ZH – O senhor está se aproximando da Marina Silva para ingressar na Rede?
Miro – Estou ajudando a coletar assinaturas para a Marina. Ela está sendo perseguida. Querem impedi-la de formar um partido e de concorrer à Presidência da República. Estamos organizando grupos de parlamentares de partidos diversos em uma luta pela democracia. O país precisa ter candidatos livremente. Ontem (terça-feira) eu falei com Roberto Freire (PPS) sobre isso. Do RS, quem está envolvido com isso é o Pedro Simon (PMDB). É um sentimento crescente para impedir esse tipo de opressão que faz com que cartórios eleitorais deixem de cumprir prazos previstos em lei em notório prejuízo para a formação da Rede. É muito vergonhoso o que estamos passando. Depois que a ministra Laurita Vaz, do Tribunal Superior Eleitoral, fez advertência aos chefes de cartório nos Estados, a coisa piorou. A média de rejeição de assinaturas, que era de 18% nacionalmente, foi para 32%.
ZH – A perseguição a Marina seria da Justiça ou do governo?
Miro – É de todos. Não teve aqui (Congresso) o projeto que era pra impedi-la de fazer o partido? Agora essa questão está paralisada no STF.
carlos.rollsing@zerohora.com.brCARLOS ROLLSING
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