ZERO HORA 09 de setembro de 2013 | N° 17548
CAUE FONSECA | BRASÍLIA
A rubrica em que os parlamentares mais gastam é também uma das mais propensas ao superfaturamento. Uma comparação entre as amostras do material impresso e as notas fiscais – documentação disponível para consulta de qualquer cidadão – mostra discrepâncias.
Um exemplo curioso aparece nas notas emitidas pela Marwic Artes Gráficas, de Nova Iguaçu (RJ). Embora seja a terceira empresa em que os parlamentares mais gastaram nesta legislatura, ela atendeu a apenas dois deputados, Nelson Bornier (PMDB-RJ) e Felipe Bornier (PSD-RJ). Pai e filho, os Bornier pagaram R$ 690 mil à Marwic desde 2011.
Nelson se elegeu prefeito de Nova Iguaçu no ano passado. Já Felipe segue na Câmara. Conforme mostram as notas fornecidas pela Marwic, Felipe paga entre R$ 12 mil e R$ 14 mil por mês. Em maio de 2012, a compra foi de 10 mil exemplares do “Jornal Felipe Bornier”, uma simples folha impressa em frente e verso e dobrada ao meio. O conteúdo é a reprodução em texto de quatro discursos do deputado.
O custo de cada folha, portanto, foi de R$ 1,20. ZH ligou para a Marwic e pediu orçamento de uma publicação idêntica: 10 mil cópias em papel offset em preto e branco. A resposta foi R$ 950 – menos de R$ 0,10 por cópia. Conforme a nota de R$ 12 mil apresentada à Câmara, o parlamentar pagou um valor de 12 vezes superior. Foi reembolsado integralmente sem despertar suspeitas.
ZH entrou em contato com o gabinete de Felipe pedindo explicações e não obteve retorno.
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