CARLOS ROLLSING
GREVE. Disputa de poder no cerne da greve
Travada nos bastidores da greve dos rodoviários em Porto Alegre, a intensa luta sindical entre lideranças da categoria acabou criando uma espécie de poder paralelo na condução do movimento.
A direção do sindicato tenta manter as rédeas, mas o grupo de oposição se avolumou na comissão de negociação do dissídio, também conhecida como “comando de greve”. Estão em jogo o futuro da categoria, a disputa pelo poder no sindicato e o fortalecimento de novas lideranças.
A oposição, empoderada no “comando”, passou a influenciar os rumos da greve. Neste grupo, as lideranças mais eloquentes são Alceu Weber e Luís Afonso Martins, funcionários da Carris e ligados à CUT. Weber é de perfil mais independente, embora próximo de Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, enquanto Afonso tem relação estreita com o Bloco de Luta pelo Transporte Público e pertence à corrente sindical chamada A CUT Pode Mais, formada por militantes que estão em litígio com a direção da entidade e com o PT. Se juntam aos oposicionistas o sindicato Conlutas e militantes de partidos como PSTU. Pelo lado do PSOL, o cérebro é Antônio Neto, da corrente dirigida por Pedro Ruas, Roberto Robaina e Luciana Genro.
O grupo de oposição – alinhado com o discurso da esquerda radical – acredita que atingiu um nível de proximidade com a categoria capaz de lhe garantir o comando da entidade. O sindicato é comandado pela Força Sindical, entidade que agora é ligada ao recém-fundado partido Solidariedade. Presidente das duas instituições no Estado, o vereador de Porto Alegre Cláudio Janta circulou entre os trabalhadores e concedeu entrevistas nos últimos dias. Assumiu uma postura de líder ao lado de Júlio “Bala” Gamaliel, presidente do sindicato e também ligado à Força. Para a oposição, eles pretendem manter o aparente controle da greve para não se afastarem da base. Na terça-feira, Bala, que alterna declarações comedidas e mais radicais, passou em algumas garagens para convencer os rodoviários a manter os 30% da frota em circulação. Apelou ao lembrar a imposição de multa por descumprimento das normas judiciais. Os trabalhadores, influenciados pela oposição de esquerda, não aceitaram. A greve migrou para a paralisação completa.
– O comando da greve está nas mãos do sindicato, dirigido pela Força. A oposição tenta destruir a entidade. Junto com o patrão, faz oposição à contribuição do trabalhador ao sindicato, derruba a sustentação financeira da instituição, faz campanha de desfiliação – diz Cláudio Corrêa, diretor de relações sindicais da Força.
Com a disputa em níveis exacerbados e o sindicato falido – a sede já foi penhorada –, os opositores pouco estão preocupados com as multas impostas pela Justiça. No momento, cresce a ideia de colocar a totalidade dos ônibus nas ruas, mas com as catracas liberadas. Isso evitaria o desgaste deles com a população e pressionaria os patrões por um acordo. Nos bastidores, a oposição fala em levar a mobilização até as últimas consequências para forçar a intervenção da prefeitura no sistema de ônibus. A crença é de que isso obrigaria a aceleração de lançamento de licitação para reformar o transporte público.
– Só se elege uma comissão de negociação do dissídio quando não existe confiança na direção do sindicato. Eles estão há 30 anos à frente da categoria e, nos últimos 20, tivemos prejuízos – diz Weber.
Para ele, as acusações de que a oposição tem interesses políticos ao influenciar a greve é uma estratégia da Força para “desviar o foco” dos problemas do sindicato.
GREVE. Disputa de poder no cerne da greve
Travada nos bastidores da greve dos rodoviários em Porto Alegre, a intensa luta sindical entre lideranças da categoria acabou criando uma espécie de poder paralelo na condução do movimento.
A direção do sindicato tenta manter as rédeas, mas o grupo de oposição se avolumou na comissão de negociação do dissídio, também conhecida como “comando de greve”. Estão em jogo o futuro da categoria, a disputa pelo poder no sindicato e o fortalecimento de novas lideranças.
A oposição, empoderada no “comando”, passou a influenciar os rumos da greve. Neste grupo, as lideranças mais eloquentes são Alceu Weber e Luís Afonso Martins, funcionários da Carris e ligados à CUT. Weber é de perfil mais independente, embora próximo de Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, enquanto Afonso tem relação estreita com o Bloco de Luta pelo Transporte Público e pertence à corrente sindical chamada A CUT Pode Mais, formada por militantes que estão em litígio com a direção da entidade e com o PT. Se juntam aos oposicionistas o sindicato Conlutas e militantes de partidos como PSTU. Pelo lado do PSOL, o cérebro é Antônio Neto, da corrente dirigida por Pedro Ruas, Roberto Robaina e Luciana Genro.
O grupo de oposição – alinhado com o discurso da esquerda radical – acredita que atingiu um nível de proximidade com a categoria capaz de lhe garantir o comando da entidade. O sindicato é comandado pela Força Sindical, entidade que agora é ligada ao recém-fundado partido Solidariedade. Presidente das duas instituições no Estado, o vereador de Porto Alegre Cláudio Janta circulou entre os trabalhadores e concedeu entrevistas nos últimos dias. Assumiu uma postura de líder ao lado de Júlio “Bala” Gamaliel, presidente do sindicato e também ligado à Força. Para a oposição, eles pretendem manter o aparente controle da greve para não se afastarem da base. Na terça-feira, Bala, que alterna declarações comedidas e mais radicais, passou em algumas garagens para convencer os rodoviários a manter os 30% da frota em circulação. Apelou ao lembrar a imposição de multa por descumprimento das normas judiciais. Os trabalhadores, influenciados pela oposição de esquerda, não aceitaram. A greve migrou para a paralisação completa.
– O comando da greve está nas mãos do sindicato, dirigido pela Força. A oposição tenta destruir a entidade. Junto com o patrão, faz oposição à contribuição do trabalhador ao sindicato, derruba a sustentação financeira da instituição, faz campanha de desfiliação – diz Cláudio Corrêa, diretor de relações sindicais da Força.
Com a disputa em níveis exacerbados e o sindicato falido – a sede já foi penhorada –, os opositores pouco estão preocupados com as multas impostas pela Justiça. No momento, cresce a ideia de colocar a totalidade dos ônibus nas ruas, mas com as catracas liberadas. Isso evitaria o desgaste deles com a população e pressionaria os patrões por um acordo. Nos bastidores, a oposição fala em levar a mobilização até as últimas consequências para forçar a intervenção da prefeitura no sistema de ônibus. A crença é de que isso obrigaria a aceleração de lançamento de licitação para reformar o transporte público.
– Só se elege uma comissão de negociação do dissídio quando não existe confiança na direção do sindicato. Eles estão há 30 anos à frente da categoria e, nos últimos 20, tivemos prejuízos – diz Weber.
Para ele, as acusações de que a oposição tem interesses políticos ao influenciar a greve é uma estratégia da Força para “desviar o foco” dos problemas do sindicato.
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