CAINDO NA REAL
Nova pesquisa indica taxa de desemprego mais alta
IBGE adota cálculo mais abrangente, o que inclui mais regiões e mostra uma realidade distinta no Brasil
Para entender como está o mercado de trabalho em todo o país, não apenas nas regiões metropolitanas de algumas capitais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou mudanças na maneira de calcular os índices de desemprego no país. A nova metodologia, no entanto, pode, sem querer, derrubar o último troféu na prateleira econômica do governo.
O baixo índice de desemprego é considerado a principal conquista do Planalto. Com a economia do país andando a passos de tartaruga e a inflação correndo na velocidade de uma lebre, a melhora no mercado de trabalho seria o maior trunfo de Dilma em ano de eleições.
Sai de cena a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) tradicional, bastante restritas, e entra a Pnad Contínua, realizada em 3,5 mil municípios, incluindo zonas rurais e regiões Norte e Centro-Oeste, onde o mercado de trabalho costuma ser bem menos desenvolvido.
Com a abrangência maior da pesquisa, economistas dão como certo que as taxas de desemprego, a partir de agora, serão mais altas. Os primeiros resultados da nova Pnad Contínua indicam que o desemprego no país ficou em 7,4% no segundo trimestre de 2013, dados mais recentes. Na PME, o índice, a desocupação havia ficado em 6% no mesmo período.
– A mudança de metodologia encerra de vez aquela história de pleno emprego. Ao levar em conta cidades no interior, certamente teremos índices de desemprego acima de 5%. O que não estraga outras conquistas recentes, como aumento de renda e no número de empregos formais – afirma Anselmo Santos, professor da Universidade de Campinas e ligado ao Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho.
Examinada por regiões, a pesquisa mostra um país com diferentes realidades. A Pnad Contínua mostra uma situação muito melhor nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, enquanto Norte e Nordeste ficam com as taxas mais altas. De acordo com o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o fato de o comércio e os serviços, principais setores empregadores no país, ainda não serem tão desenvolvidos no Norte e no Nordeste pode dificultar a população desses lugares na busca por um trabalho.
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