EDITORIAL DIÁRIO CATARINENSE, 02/09/2011
A Câmara dos Deputados, que nesses anos recentes se transformou em palco de escândalos e balcão de negócios escusos à custa do dinheiro público, na noite de terça-feira foi palco de outro asqueroso espetáculo. A absolvição da deputada Jaqueline Roriz, flagrada recebendo propina, contra todas as evidências e passando por cima do parecer da Comissão de Ética que recomendou a cassação da indigitada, valeu como um escárnio e uma bofetada no rosto da sociedade ofendida.
Acobertados pelo voto secreto, e temendo a cobrança dos eleitores, 265 deputados garantiram-lhe o mandato, na contramão da opinião pública. Da representação catarinense naquela Casa legislativa, nove deputados votaram pela cassação, e revelaram a decisão tomada. Outro optou pela absolvição, também revelando o voto. Quatro entre os nossos representantes presentes à sessão, entretanto, escondidos sob o privilégio do voto secreto – legal, mas, neste caso, imoral –, não o revelaram, embora não seja muito difícil adivinhá-lo.
Há que louvar aqueles representantes que agem às claras, expondo publicamente suas posições, quaisquer que sejam elas, o que é uma manifestação de respeito e transparência devida aos eleitores. E lamentar os que preferiram o anonimato medroso. Que o eleitorado se encarregue deles. Vale não esquecer que a proposta de emenda que acaba com as votações secretas no Parlamento – inclusive quanto à cassação de mandatos – “dorme” na Câmara desde 2006. A nauseante sessão de terça-feira à noite ajuda a explicar as razões.
O promotor de Justiça Affonso Ghizzo Neto, idealizador da campanha O que você tem a ver com a corrupção?, e o cientista político Sérgio Silva têm razão ao lembrarem que episódios como este não devem ser aceitos passivamente. Com efeito, merecem resposta à altura e imediata de parte da sociedade.
A Sociedade organizada têm por dever exigir dos Poderes de Estado o foco da finalidade pública e a observância do interesse público na defesa dos direitos básicos e da qualidade da vida da população na construção de uma sociedade livre, justa e democrática. Para tanto, é necessário aprimorar as leis, cumprir os princípios administrativos, republicanos e democráticos, zelar pelas riquezas do país, garantir a ordem pública, fortalecer a justiça e consolidar a Paz Social no Brasil.
VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.
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