VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

EMENDAS PARLAMENTARES

Juremir Machado da Silva - CORREIO DO POVO, 24/11/2011

Palomas, como todos sabem, é um Estado muito avançado. A última polis grega encravada no Rio Grande do Sul. Palomas é a sucessora de Atenas. Com a diferença de que em Palomas não existem escravos e estrangeiros e mulheres também têm direitos políticos. O sistema político e eleitoral palomense é o mais avançado do mundo. O financiamento das campanhas eleitorais é privado. Mas o Estado distribui uma grana preta para o Fundo Partidário. Debate-se uma inversão: financiamento público com aporte de dinheiro privado por baixo do pano. A esse modelo se chamaria caixa dois. Por enquanto, para obter recursos, políticos com cargos administrativos recebem propina para aprovar licitações ou recebem de volta parte dos valores superfaturados pagos a empresas.

Esse modelo foi inventado pelos políticos palomenses, que o criticam todo dia como responsável pela corrupção, mas não o mudam. Em Palomas, não se altera o que, embora sendo criticável, é perfeito na sua imperfeição. O sistema eleitoral palomense, na defesa das minorias, garante, pela proporcionalidade, que um candidato com 130 mil votos perca o seu lugar para um com 30 mil. Disso resulta normalmente o triunfo das maiorias coligadas. Em Palomas nada se faz sem um pretexto. O Estado precisava de muitas obras. Havia recursos. Faltava motivo. Nada se fazia. Então, se resolveu bancar uma Copa do Mundo de Jogo do Osso. Todas as obras paradas há décadas serão, enfim, realizadas. Deixou-se estrategicamente atrasar o começo dessas obras para eliminar entraves, como licitações, e elevar os preços pagos a empresas amigas, que financiarão campanhas. Palomenses dizem que não existe churrasco grátis. Uau!

Outra originalidade palomense é o sistema de emendas parlamentares. O Estado separa uma quantia do seu orçamento para leilão entre os parlamentares. Quem for mais capaz de convencer os colegas aprova dinheiro para uma obra em seu curral. Faz bonito com o chapéu público e fatura votos com os "beneficiados". Compensa os colegas que o apoiaram apoiando as emendas deles. A emenda é um remendo. Por meio dela o parlamentar transforma a sua obrigação em moeda de troca. E o governo senta em cima do dinheiro do contribuinte, só o liberando para quem dançar conforme a sua música. Em Palomas, os cínicos chamam isso de financiamento público maldisfarçado de campanha.

Criticados por essas tramoias e pela corrupção crescente, os parlamentares palomenses de todos os partidos repetem uma ladainha: a saída é o voto em lista fechada e o financiamento público de campanha. Se emplacar o golpe, não precisarão mais correr atrás de votos individualmente, nem de dinheiro, e os caciques donos de partido estarão sempre nas primeiras posições, podendo negociar as demais. Trata-se de uma postura só existente em Palomas: o interesse dos políticos, contra invenções de políticos, colocado acima dos interesses da plebe. Os políticos palomenses são patriotas e entendem que colocando os seus interesses acima de tudo estão defendendo os interesses de todos. Afinal, como representantes de todos, cabe-lhes sempre ir na frente.

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