VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O DEPRESSIVO DESMONTE DE UM GOVERNO HERDADO

EDITORIAL JORNAL DO COMERCIO, 08/11/2011

Os maus se associam com mais frequência que as pessoas de bem, pois reconhecem a sua fraqueza moral na opinião da maioria. Muitos ministros do atual governo são uma herança sem grandes virtudes do anterior. Em 10 meses e alguns dias, as denúncias semanais da imprensa - que faz o que os órgãos públicos, salvo a Polícia Federal, deveriam realizar - têm derrubado aqueles que não apresentam explicações convincentes. Deve-se dar o obséquio da dúvida e o princípio dito sagrado de que o ônus da prova cabe a quem acusa. No entanto, no Brasil, depois que a pessoa é acusada cabe a ela provar que é inocente. É a tradição e mesmo que os ministros apontados não tenham culpa diretamente, o princípio da hierarquia tem que valer sempre: quem tem o poder de comando é responsável pelo que acontece na sua jurisdição. Pensando assim, o senador e ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, destacou que “para usar uma expressão da presidente, o malfeito para este governo só é malfeito quando vira escândalo. Até lá, é benfeito e o governo só age reativamente”.

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, bradou que “já está ficando cansado” de administrar crises envolvendo colegas do primeiro escalão. Se ele cansou, pode muito bem avaliar o “cansaço emocional” do povo. O ministro Carlos Lupi, do Trabalho, agiu bem afastando dois assessores acusados de cobrar propinas para liberar projetos e verbas. Cinco ministros caíram, Antonio Palocci, da Casa Civil, Alfredo Nascimento, dos Transportes, Pedro Novais, do Turismo, Wagner Rossi, da Agricultura, e Orlando Silva, do Esporte. Os ministros não podem alegar, como se tornou tradição no Brasil, o “eu não sabia e vou investigar”. Os subordinados têm que estar sempre sendo observados e chamados à atenção para os procedimentos corretos.

Muitos não se arrependem porque falharam ou praticaram coisas erradas no governo, mas justamente porque receiam as consequências dos seus atos espúrios. Por isso começamos outra semana com a corriqueira matéria sobre corrupção no governo federal. A oposição pede punição. Está no seu papel, como os que hoje são governo também estavam quando tomavam idêntica atitude, há alguns anos. Mas políticos oposicionistas pedem que não haja a tal de ‘fritura’, termo popular em que o acuado retruca daqui e dali, pede investigações, presta depoimentos no Congresso, mas acaba sendo defenestrado pela pressão que se torna um peso e tira o foco da administração no que interessa para que o País ande. O sangramento público dos ministros antes do afastamento tem sido a prática do Planalto. Em nome do apoio partidário essa é a postura usual mas que, ao final, se mostra ainda mais desgastante. O fato é que temos no Brasil uma “partidocracia” em que os governantes não conseguem implantar programas e ações salvo se tiverem o apoio de uma ampla base nos parlamentos. Como o Brasil tem dezenas de partidos com os mais diferentes matizes ideológicos - quando os têm ou eles são claros - é fácil se deduzir que agradar a todos é um exercício de troca de postos e a quase criação de feudos para uns e outros. Quando isso acontece, daí até a corrupção a distância é mínima, se é que existe.

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