VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 27 de maio de 2012

BAIXA CONFIANÇA NOS PARTIDOS

 
ZERO HORA , 27 de maio de 2012 

BAIXA CONFIANÇA. Como recuperar a crença nos partidos. JULIANA BUBLITZ


Prestes a escolher seus candidatos às eleições municipais, as legendas vivem crise crônica de credibilidade provocada por fatores como falta de identidade e excesso de siglas.

O Brasil tem 29 partidos. Sem pesquisar no Google, você é capaz de citar pelo menos metade deles de cabeça?

A dificuldade para responder é mais comum do que parece e, segundo especialistas, pode estar por trás de um fenômeno indicado por diferentes institutos de pesquisa: a maioria dos brasileiros não confia nas siglas partidárias. E não é de hoje.

O último levantamento sobre o tema, divulgado no dia 15 pela Fundação Getulio Vargas (FGV), revela que 94% dos entrevistados veem os partidos com suspeição. Em outra enquete, publicada pelo Vox Populi no dia 4 deste mês, 60% admitem não simpatizar com nenhuma legenda.

– As pessoas têm razão ao criticar. A situação chegou a um patamar em que ninguém mais sabe quem é oposição e quem é situação – resume o cientista político Valeriano Costa, da Unicamp.

Mas não é só isso. A descrença, na opinião do cientista político André Marenco, da UFRGS, é resultado de uma história marcada por rupturas. As constantes mudanças de regime, intercaladas por períodos de exceção, como o Estado Novo e a ditadura militar, retardaram a consolidação dos partidos. Com duas décadas de democracia, não é exagero afirmar que a maioria dos brasileiros sequer sabe para o que eles servem.

– As principais siglas, como o PMDB e o PT, têm apenas 30 anos. Na Europa, elas têm mais de cem, e isso faz diferença – destaca Marenco.

O problema é que a desconfiança crônica vem sendo turbinada desde a década de 1980. Nas Diretas Já, setores da sociedade chegaram a depositar esperanças nas novas legendas, mas a euforia durou pouco. A partir da redemocratização, as agremiações se multiplicaram em velocidade acelerada. Muitas mudaram de nome. A infidelidade partidária e as alianças de ocasião, unindo adversários em troca de cargos públicos, contribuíram para confundir o eleitorado.

– A verdade é que os partidos foram se esvaziando de ideias, de princípios e de ideologias. Em nome da governabilidade, alguns fazem coisas que até o diabo duvida. Aos olhos da população, ficaram todos iguais – lamenta o ex-governador Alceu Collares, um dos ícones do PDT no Estado.

Reforma política pode indicar saídas

Para completar o cenário, a corrupção ganhou as manchetes dos jornais e entrou em evidência como nunca. Casos como o do mensalão, que atingiu em cheio o petismo, abalaram de vez a fé dos eleitores, até os mais convictos.

– Se os partidos já eram frágeis antes, com todos esses escândalos a fragilidade só se acentuou – diz o cientista político Paulo Moura, da Ulbra.

Apesar de tudo, os especialistas acreditam que a crise de credibilidade tem saída. Inclusive porque, curiosamente, o voto nulo ou branco nunca teve grande expressão no país e, mesmo com o pé atrás, 40% dos brasileiros disseram ao Vox Populi se identificar com algum partido – o que não é pouco.

A reversão dos baixos níveis de confiança depende das próprias agremiações e de seus líderes, de uma reforma política eficaz e, principalmente, da capacidade do eleitorado de punir as siglas descomprometidas. Previstas para junho, as convenções definirão candidatos e coligações para as próximas eleições. A palavra final, no entanto, não é deles: é de quem vota.

 
O que dizem as pesquisas
FGV
Este ano, a FGV mapeou o grau de confiança dos brasileiros nas instituições. As siglas apareceram em último lugar.
Partidos
Avaliação RS Brasil
Pouco ou nada confiável 94,2% 94,0%
Confiável ou muito confiável 5,1% 5,4%
Não sabe 0,6% 0,6%
IBOPE
Desde 2009, o Ibope mede o Índice de Confiança Social em países como Brasil e Argentina. Até 2011, os partidos estavam na lanterna entre os brasileiros e na penúltima posição entre os argentinos. A nota vai de zero a cem. Nos dois países, o Corpo de Bombeiros é a instituição campeã na pontuação.
NOTA DOS PARTIDOS
ANO - Brasil, Argentina
2011 - 28, 41
2010 - 33, 32
2009 - 31,25
IPESPE
- Em 2008, o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas criou o barômetro de confiança nas instituições: 72% disseram não confiar nos partidos.
USP
- Em 2002, a USP ouviu 17 mil pessoas para medir o índice de confiança nas instituições. Os partidos ficaram em último lugar: 7% dos entrevistados disseram confiar nos partidos.

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