BEATRIZ FAGUNDES, O SUL, 24 de Maio de 2012.
Queremos transparência ampla, geral e irrestrita do governo.
Estamos às vésperas de assistir, pela enésima vez, brasileiros com ares
de "ungidos" e "especiais" se apresentarem com discursos cheios de
boníssimas intenções pedindo o voto dos brasileiros. A maioria quer ser
vereador. Uma parcela de homens e mulheres com a autoestima em alta se
considera capazes de administrar seus municípios. Sonham ser prefeitos, e
ocuparão milhares de horas prometendo soluções mágicas para a saúde,
educação, segurança pública, meio ambiente etc... Um filme antigo e,
muitas vezes, com os mesmos velhos candidatos. Uma mesmice de causar
enjoo cívico. Elegem-se e, depois, com expressões de grande contrição,
admitem que encontraram os cofres vazios e que não poderão cumprir suas
tão doces promessas.
Estou exagerando? O trágico é ouvir de forma
criminosa e inconsequente que não existe dinheiro! Mentira absurda,
basta uma simples conferência nos milhares de casos de desvios,
propinas, corrupção passiva e ativa que grassam nos três Poderes, nas
três esferas, União, Estados e municípios. Agora estamos sendo animados
com a ideia da transparência absoluta. Tudo leva a crer que saberemos os
salários de todos os funcionários públicos. Hu lá lá! Espetáculo! Agora
ficaremos insaciáveis. Queremos mais! Transparência ampla, geral e
irrestrita. Daí que temos uma área que merece mais transparência e tem
dinheiro, e como tem!
Existem dez loterias federais: Mega-Sena, Quina, Dupla-Sena, Loteria Instantânea, Lotogol, Timemania, Lotomania, Loteria Federal, Loteca e Lotofácil. As Loterias da CEF (Caixa Econômica Federal) registraram, em 2011, a maior arrecadação da história. Foram 9,73 bilhões de reais em apostas. De acordo com o presidente de Fundos de Governo e das Loterias da CEF, Fábio Cleto, o desempenho em 2011 bateu diversos recordes. O valor arrecadado em 2011 é 16% maior do que o registrado em 2010. O prêmio bruto corresponde a 46% da arrecadação, já computado o adicional destinado ao Ministério do Esporte. Dessa porcentagem: 35% são distribuídos entre os acertadores da Sena; 20% entre os acertadores da Quina; 20% entre os acertadores da Quadra; e os 25% restantes são acumulados e distribuídos aos acertadores dos seis números nos concursos de final zero ou cinco.
O que o governo faz com o restante do dinheiro? Destinação social; 1% é destinado ao Fundo Nacional da Cultura, 22,4% à Seguridade Social; 9,6% ao Programa de Crédito Educativo; 3% ao Fundo Penitenciário Nacional e os 20% restantes cobrem as despesas/lucro da CEF e a remuneração das lotéricas. Em média, 50% da arrecadação com as apostas das loterias da instituição são aplicadas anualmente em 16 fontes de destinação, que priorizam as áreas de assistência social, saúde e educação, além de esporte. A instituição também patrocina integralmente as atividades do esporte paraolímpico brasileiro. Por meio do Fundo Penitenciário, a Caixa apoia a construção de presídios e a manutenção de sua infraestrutura. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas quando, onde e por quem esses recursos são distribuídos? Como brasileiro adora apostar e, a CEF sabe disso, por que não destinar uma destas tantas loterias especificamente para a saúde, outra para a educação e uma terceira para a segurança pública? Com total transparência e aplicação direta no município de acordo com o numero de apostas. Parece loucura? Pode ser. Mas o insuportável será ouvir a louca cantilena dos candidatos invadindo a minha vida com promessas que jamais serão cumpridas!
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