VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 15 de maio de 2012

IDEOLOGIA OU PRAGMATISMO?

 

ABALO NO PP, Pressão de Ana Amélia expõe dilema no partido - PAULO GERMANO, ZERO HORA 15/05/2012

Ao defender apoio à comunista Manuela, senadora constrange dirigentes e impõe reflexão à sigla

Ana Amélia Lemos botou o PP no divã. A obsessão da senadora em apoiar uma comunista na eleição de outubro, além de rachar o partido no meio, suscita uma reflexão que parecia bem resolvida no PP gaúcho. Afinal, o que interessa na política? Pragmatismo ou ideologia?

Essa pergunta é página virada para boa parte dos partidos brasileiros. PMDB, PTB e o próprio PP, na esfera nacional, são exemplos da adesão à conduta prática: ideologia morreu, o que importa é poder e cargos.

Mas, no Rio Grande do Sul, os líderes do PP se orgulhavam de manter vivos ideais da direita. Não aderiram aos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, decidiram fazer oposição ao governador Tarso Genro, resistiram à esquerda com vigor. Até chegar Ana Amélia – que exige apoio a Manuela D’Ávila (PC do B) para a prefeitura de Porto Alegre.

– Nosso partido está envelhecendo. Precisamos de um eleitorado mais jovem, e a senadora percebeu isso. As ideologias acabaram em 1989, quando caiu o Muro de Berlim. É o pragmatismo que domina o mundo moderno – justifica o dirigente partidário Túlio Macedo, 75 anos, militante do PP desde a antiga Arena, partido que sustentava o regime militar.

Parlamentar é a aposta do partido para 2014

Mas há quem esteja irritado.

– A última coisa que um partido deve renunciar são seus ideais. O PP não nasceu em 2010 – protesta o ex-prefeito de Porto Alegre Guilherme Socias Villela.

Foi em 2010 que Ana Amélia filiou-se ao partido. Após vencer a eleição para o Senado, sagrou-se a maior esperança do PP para retomar, em 2014, o comando do Palácio Piratini – o último governador da sigla foi Jair Soares, entre 1983 e 1987. É essa hipótese, de estar perante uma candidata enfim competitiva, que faz militantes do partido cederem à pressão dela.

Senadora encarrega assessor de conversas

No início do mês, a senadora enviou a Porto Alegre seu chefe de gabinete em Brasília, Marco Aurélio Ferreira, para conversar com todos os cem membros do diretório municipal do PP. São eles que vão votar, em junho, na convenção que decidirá qual candidato o partido vai apoiar.

O atual prefeito, José Fortunati (PDT) – que ontem se reuniu com dirigentes do PP oferecendo mais espaço no governo, caso seja reeleito – era o preferido da maioria até Ana Amélia entrar em campo.

Só que o assessor da senadora tomou cafezinho, almoçou e jantou com cada votante do PP. Repetiu para todos que, com Manuela, o partido será protagonista, indicará o vice-prefeito, terá uma pilha de cargos na gestão.

– Montamos um grupo de multiplicadores. São mais de 20 atuando agora para convencer os outros. Eleição municipal é diferente: é menos ideologia e mais programa de governo – acredita Marco Aurélio, o chefe de gabinete da senadora.
Os porquês de Ana Amélia
- Ana Amélia, embora evite falar sobre o assunto, deverá ser candidata ao governo do Estado em 2014.
- Se o seu partido, o PP, apoiar Manuela D’Ávila (PC do B) para a prefeitura da Capital, a comunista retribuirá o gesto daqui a dois anos, apoiando Ana Amélia.
- Já o PDT do prefeito José Fortunati – que disputa a reeleição e é o candidato preferido de parte do PP – deverá trabalhar pela reeleição de Tarso Genro em 2014. Portanto, para Ana Amélia, não seria bom negócio apoiá-lo.
- Ao se coligar com Manuela, além de garantir desde já uma aliada de peso, a senadora pretende transitar em um eleitorado mais jovem e mais à esquerda. O PP não tem esse perfil.
- De quebra, um eventual apoio de Manuela a Ana Amélia seria um abalo na base de Tarso. Afinal, hoje o PC do B apoia o governador. E o PSB, também aliado de Tarso, tem trabalhado em parceria com os comunistas.
- Para completar, Fortunati revelou em 2010 que votaria em Germano Rigotto (PMDB) e Paulo Paim (PT) para o Senado. Ana Amélia não gostou.


Nenhum comentário: