ZERO HORA 15/05/2012
Osmar Terra, Deputado federal (PMDB-RS)
É
espantosa a entrevista do ministro de Relações Exteriores, Antonio
Patriota, na ZH de domingo, especialmente quando fala do bloqueio
argentino aos produtos brasileiros.
Com os principais setores da nossa indústria sofrendo enormes prejuízos, com um bloqueio às exportações que se arrasta há mais de ano, o ministro demonstra desconhecer por completo a questão.
Quando as maiores fábricas de tratores, colheitadeiras e implementos agrícolas do Brasil, localizadas no Rio Grande do Sul, não só não conseguem vender para a Argentina, mas são constrangidas a transferir sua produção para lá, ouvir o chefe da nossa diplomacia falar que “queremos evitar que questões comerciais contaminem o nosso relacionamento” é mais do que preocupante.
O ministro não deve saber (mas deveria) que milhares de tratores e colheitadeiras, aqui fabricados, estão parados há um ano na aduana argentina, como forma de pressão em cima das nossas indústrias. Na área calçadista, são 3 milhões de pares de sapatos parados na fronteira. Nossos frigoríficos nem enviam mais produtos para lá. Isso gera prejuízos enormes e demissões que já chegam a milhares, nos diversos setores.
Quando o bloqueio, em maio do ano passado, chegou ao setor automobilístico, houve uma pronta retaliação do governo brasileiro, com bloqueio do lado de cá à produção argentina. Logo chegaram a um acordo. Mas, em relação aos demais setores, o governo brasileiro lavou as mãos.
Abandonadas à própria sorte, as duas maiores indústrias de máquinas agrícolas daqui ficaram sem saída, e já anunciaram investimentos na Argentina da ordem de US$ 300 milhões. Vão produzir lá o que já fazem aqui, com sobra para abastecer várias vezes o mercado argentino. Isso é um absurdo nas regras de mercado e na vida de uma empresa. O resultado será a redução drástica da produção e dos empregos do lado de cá.
Diz ainda o ministro: “Há uma afinidade entre os dois governos e entre as duas chancelarias. O diálogo é muito amistoso”. E mais adiante: “A Argentina passou por crises sérias, começou a se recuperar”. Faltou dizer que está conseguindo isso às custas, em boa parte, da produção e de empregos gaúchos e da omissão brasileira. O ministro Patriota não foi capaz de nem uma palavra de alento para os gaúchos.
Importante lembrar que o Rio Grande do Sul é o Estado mais prejudicado pela inação do Itamaraty em outras situações. Há um ano, também, nossos frigoríficos sofrem com a suspensão de importações por parte da Rússia, o que já acarretou a perda de US$ 1 bilhão na economia estadual.
Esperávamos mais de um ministro de Relações Exteriores com este sobrenome.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Se PMDB é da base aliada e parte do Governo Dilma, é também conivente e responsável por estas medidas "patrióticas". Ao não reagir a estas medidas, o PMDB se mostra um partido submisso e interessado apenas em cargos e vantagens. O restante é demagogia.
Com os principais setores da nossa indústria sofrendo enormes prejuízos, com um bloqueio às exportações que se arrasta há mais de ano, o ministro demonstra desconhecer por completo a questão.
Quando as maiores fábricas de tratores, colheitadeiras e implementos agrícolas do Brasil, localizadas no Rio Grande do Sul, não só não conseguem vender para a Argentina, mas são constrangidas a transferir sua produção para lá, ouvir o chefe da nossa diplomacia falar que “queremos evitar que questões comerciais contaminem o nosso relacionamento” é mais do que preocupante.
O ministro não deve saber (mas deveria) que milhares de tratores e colheitadeiras, aqui fabricados, estão parados há um ano na aduana argentina, como forma de pressão em cima das nossas indústrias. Na área calçadista, são 3 milhões de pares de sapatos parados na fronteira. Nossos frigoríficos nem enviam mais produtos para lá. Isso gera prejuízos enormes e demissões que já chegam a milhares, nos diversos setores.
Quando o bloqueio, em maio do ano passado, chegou ao setor automobilístico, houve uma pronta retaliação do governo brasileiro, com bloqueio do lado de cá à produção argentina. Logo chegaram a um acordo. Mas, em relação aos demais setores, o governo brasileiro lavou as mãos.
Abandonadas à própria sorte, as duas maiores indústrias de máquinas agrícolas daqui ficaram sem saída, e já anunciaram investimentos na Argentina da ordem de US$ 300 milhões. Vão produzir lá o que já fazem aqui, com sobra para abastecer várias vezes o mercado argentino. Isso é um absurdo nas regras de mercado e na vida de uma empresa. O resultado será a redução drástica da produção e dos empregos do lado de cá.
Diz ainda o ministro: “Há uma afinidade entre os dois governos e entre as duas chancelarias. O diálogo é muito amistoso”. E mais adiante: “A Argentina passou por crises sérias, começou a se recuperar”. Faltou dizer que está conseguindo isso às custas, em boa parte, da produção e de empregos gaúchos e da omissão brasileira. O ministro Patriota não foi capaz de nem uma palavra de alento para os gaúchos.
Importante lembrar que o Rio Grande do Sul é o Estado mais prejudicado pela inação do Itamaraty em outras situações. Há um ano, também, nossos frigoríficos sofrem com a suspensão de importações por parte da Rússia, o que já acarretou a perda de US$ 1 bilhão na economia estadual.
Esperávamos mais de um ministro de Relações Exteriores com este sobrenome.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Se PMDB é da base aliada e parte do Governo Dilma, é também conivente e responsável por estas medidas "patrióticas". Ao não reagir a estas medidas, o PMDB se mostra um partido submisso e interessado apenas em cargos e vantagens. O restante é demagogia.
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