VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

IDEOLOGIA: EU QUERO UMA PRA VOTAR!

ZERO HORA, 16 de maio de 2012 | N° 17071

 

Rafael Sirangelo Belmonte de Abreu, Advogado


A cada dois anos, a sociedade brasileira depara com um grande dilema: o voto. Os movimentos que começam a tomar forma no seio da política partidária dão conta de que neste ano a inglória tarefa de escolher um representante não será diferente daquilo que tem sido nas últimas eleições. Uma verdadeira salada de siglas agrupa-se de forma aleatória, criando coligações não convencionais que aproximam históricos desafetos ou opõem tradicionais aliados. As eleições deste ano, em razão do ambiente regional em que se realizam, aprofundam esse esdrúxulo quadro.

Volta e meia, surgem partidos novos, “nem de direita nem de esquerda”, que, ao invés de trazerem alento à sociedade, apenas escancaram a falta de ideologia, a ausência do confronto de ideias, enfim, o abismo representativo que nos assola. Juntam-se todos à turma dos “em cima do muro”, aliás, dos “em cima de cargos”, pois o muro, que se saiba, caiu ainda na década de 80. Nem de longe se vislumbram tomadas de posição sobre temas críticos, como o tamanho do Estado, por exemplo. Enfim, qual a medida de liberdade que queremos para a nossa vida?

As eleições estadunidenses demonstram que é possível colocar na pauta política a decisão sobre que Estado queremos. Não se quer com isso defender a bipolaridade republicanos versus democratas. Entretanto, lá as discussões acerca das liberdades civis e econômicas (e da extensão que a elas devemos dar) não se dão apenas por baixo das togas dos juízes da Suprema Corte, mas inclusive nas prévias partidárias. No Brasil, a salada é tamanha, que por vezes partidos ditos “liberais” defendem a censura (vide caso do filme sérvio cuja censura no Rio de Janeiro se deu a partir de uma ação movida por um diretório partidário supostamente liberal), enquanto seus adversários mais “estatalistas” erguem a bandeira da liberação do aborto, de algumas drogas e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Os poucos que fogem do centro defendem a liberdade a partir de apenas um de seus matizes. Para os da “direita”, liberdades econômicas, sim; liberdades civis, não. Para os da “esquerda”, Deus (?!) me livre (?!), liberdade econômica, desde que todos possam tomar suas decisões na esfera civil. A verdadeira ideologia – que sai de cima de um muro que não existe mais e que toma partido em questões cruciais – é algo escasso no cenário político brasileiro.

Ideologia, eu quero uma pra votar!

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