ZERO HORA, 16 de maio de 2012 | N° 17071
Rafael Sirangelo Belmonte de Abreu, Advogado
Volta e meia, surgem partidos novos, “nem de direita nem de esquerda”, que, ao invés de trazerem alento à sociedade, apenas escancaram a falta de ideologia, a ausência do confronto de ideias, enfim, o abismo representativo que nos assola. Juntam-se todos à turma dos “em cima do muro”, aliás, dos “em cima de cargos”, pois o muro, que se saiba, caiu ainda na década de 80. Nem de longe se vislumbram tomadas de posição sobre temas críticos, como o tamanho do Estado, por exemplo. Enfim, qual a medida de liberdade que queremos para a nossa vida?
As eleições estadunidenses demonstram que é possível colocar na pauta política a decisão sobre que Estado queremos. Não se quer com isso defender a bipolaridade republicanos versus democratas. Entretanto, lá as discussões acerca das liberdades civis e econômicas (e da extensão que a elas devemos dar) não se dão apenas por baixo das togas dos juízes da Suprema Corte, mas inclusive nas prévias partidárias. No Brasil, a salada é tamanha, que por vezes partidos ditos “liberais” defendem a censura (vide caso do filme sérvio cuja censura no Rio de Janeiro se deu a partir de uma ação movida por um diretório partidário supostamente liberal), enquanto seus adversários mais “estatalistas” erguem a bandeira da liberação do aborto, de algumas drogas e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Os poucos que fogem do centro defendem a liberdade a partir de apenas um de seus matizes. Para os da “direita”, liberdades econômicas, sim; liberdades civis, não. Para os da “esquerda”, Deus (?!) me livre (?!), liberdade econômica, desde que todos possam tomar suas decisões na esfera civil. A verdadeira ideologia – que sai de cima de um muro que não existe mais e que toma partido em questões cruciais – é algo escasso no cenário político brasileiro.
Ideologia, eu quero uma pra votar!
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