ZH 7 de setembro de 2014 | N° 17925
CLEIDI PEREIRA
ELEIÇÕES 2014 | CUSTO DE UMA VAGA
QUEM TEM MANDATO GASTA MAIS
ENTRE OS 30 CONCORRENTES à Câmara Federal que mais desembolsaram até agora, 22 buscam reeleição ou ocupam cadeira na Assembleia. Proporção semelhante é observada nos candidatos ao parlamento gaúcho
Candidatos
que já ocupam cargos públicos eletivos são maioria no ranking das
campanhas mais caras no Rio Grande do Sul. Levantamento feito por Zero
Hora mostra que, dos 30 concorrentes a deputado federal que declaram as
maiores despesas à Justiça Eleitoral, 22 buscam a reeleição ou ocupam
cadeira na Assembleia. Na disputa por uma vaga no Legislativo gaúcho, 21
dos 30 que mais investiram em suas campanhas ou tentam garantir
continuidade do mandato são vice-prefeitos e vereadores.
Os partidos com mais representantes entre as campanhas mais caras são PT e PP, e os valores desembolsados até agora para conquistar uma vaga na Câmara ou na Assembleia variam de R$ 125,5 mil a R$ 1,56 milhão. Dados da segunda parcial da prestação de contas mostram que os 720 candidatos a deputado estadual gastaram R$ 15,9 milhões e os 328 postulantes a deputado federal, R$ 16,2 milhões.
Conforme o diretor executivo da Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, uma das explicações é que políticos com mandato têm maior probabilidade de atrair doadores. Ele afirma que as empresas que despejam vultosas quantias em campanhas encaram o gesto como um investimento, pois existe uma correlação entre a arrecadação e as chances de se eleger. Afinal, quanto mais dinheiro, maior a chance de atingir o eleitorado. Abramo lembra que, nestas eleições, 35 empresas respondem por mais de 50% dos recursos doados no país:
– Há uma distância enorme entre os grandes e os pequenos doadores. Esses grandes doadores têm a possibilidade de influenciar fortemente os eleitos. Um dos principais defeitos do sistema de financiamento é não existir um teto para as doações.
MOVIMENTO PROPORÁ FIM DE DOAÇÕES DE EMPRESAS
Os gastos dos pouco mais de mil candidatos do Rio Grande do Sul aos cargos de governador, senador e deputados federal e estadual somaram, conforme a segunda parcial da prestação de contas, R$ 39,7 milhões. O valor corresponde a apenas 2,4% do teto estabelecido pelos próprios postulantes (R$ 1,68 bilhão). Para Ramon Bentivenha, integrante do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, o financiamento público exclusivo poderia reduzir em até 85% o custo das campanhas no país.
A medida, acrescenta, é fundamental para alterar o cenário atual, em que “as eleições estão sendo privatizadas”. O movimento, que reúne entidades que lutaram pela aprovação da Lei da Ficha Limpa, coleta assinaturas para um projeto de iniciativa popular que proíba doações de empresas.
– O que se precisa ver não é quanto o candidato arrecada, mas quais são suas propostas. Hoje, quem escolhe a música é quem está pagando. Não há ideologia na doação, porque as mesmas empresas doam, muitas vezes, para discursos opostos, pensando nos benefícios – afirma Bentivenha.
Abramo, da Transparência Brasil, discorda da avaliação de que o financiamento público seria a melhor alternativa, pois resultaria em uma “explosão do caixa dois”. Ele defende a necessidade de ajustes no sistema atual.
– Proibir a doação privada não vai eliminar o interesse, tanto de empresas quanto de indivíduos, de influenciar a eleição. Vai continuar existindo. Se as empresas e indivíduos mais ricos não puderem financiar oficialmente, farão isso no caixa dois.
Os partidos com mais representantes entre as campanhas mais caras são PT e PP, e os valores desembolsados até agora para conquistar uma vaga na Câmara ou na Assembleia variam de R$ 125,5 mil a R$ 1,56 milhão. Dados da segunda parcial da prestação de contas mostram que os 720 candidatos a deputado estadual gastaram R$ 15,9 milhões e os 328 postulantes a deputado federal, R$ 16,2 milhões.
Conforme o diretor executivo da Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, uma das explicações é que políticos com mandato têm maior probabilidade de atrair doadores. Ele afirma que as empresas que despejam vultosas quantias em campanhas encaram o gesto como um investimento, pois existe uma correlação entre a arrecadação e as chances de se eleger. Afinal, quanto mais dinheiro, maior a chance de atingir o eleitorado. Abramo lembra que, nestas eleições, 35 empresas respondem por mais de 50% dos recursos doados no país:
– Há uma distância enorme entre os grandes e os pequenos doadores. Esses grandes doadores têm a possibilidade de influenciar fortemente os eleitos. Um dos principais defeitos do sistema de financiamento é não existir um teto para as doações.
MOVIMENTO PROPORÁ FIM DE DOAÇÕES DE EMPRESAS
Os gastos dos pouco mais de mil candidatos do Rio Grande do Sul aos cargos de governador, senador e deputados federal e estadual somaram, conforme a segunda parcial da prestação de contas, R$ 39,7 milhões. O valor corresponde a apenas 2,4% do teto estabelecido pelos próprios postulantes (R$ 1,68 bilhão). Para Ramon Bentivenha, integrante do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, o financiamento público exclusivo poderia reduzir em até 85% o custo das campanhas no país.
A medida, acrescenta, é fundamental para alterar o cenário atual, em que “as eleições estão sendo privatizadas”. O movimento, que reúne entidades que lutaram pela aprovação da Lei da Ficha Limpa, coleta assinaturas para um projeto de iniciativa popular que proíba doações de empresas.
– O que se precisa ver não é quanto o candidato arrecada, mas quais são suas propostas. Hoje, quem escolhe a música é quem está pagando. Não há ideologia na doação, porque as mesmas empresas doam, muitas vezes, para discursos opostos, pensando nos benefícios – afirma Bentivenha.
Abramo, da Transparência Brasil, discorda da avaliação de que o financiamento público seria a melhor alternativa, pois resultaria em uma “explosão do caixa dois”. Ele defende a necessidade de ajustes no sistema atual.
– Proibir a doação privada não vai eliminar o interesse, tanto de empresas quanto de indivíduos, de influenciar a eleição. Vai continuar existindo. Se as empresas e indivíduos mais ricos não puderem financiar oficialmente, farão isso no caixa dois.
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