ZH 27 de setembro de 2014 | N° 17935
EDITORIAL
Os eleitores agem mais em favor da democracia quando fazem suas escolhas com o máximo de consciência, e não simplesmente ao votar em branco ou nulo.
Levantamento feito com base em pesquisas do Ibope, a uma semana das eleições, mostra crescimento significativo do percentual de eleitores dispostos a votar em branco ou anular o voto. Na visão dos cientistas políticos, o aumento do número de não eleitores é uma das consequências das manifestações de junho do ano passado, quando milhares de jovens saíram às ruas para dizer que os políticos, os governantes e as instituições em geral não os representavam. É evidente que o eleitor tem o direito de dar a destinação que bem entender para o seu voto. Ainda assim, deve ter consciência de que, ao renunciar à escolha, estará autorizando outras pessoas a cumprir essa tarefa em seu nome. Votos em branco e nulos, na verdade, são procurações para que outros escolham o governante e os representantes parlamentares que atuarão em nome de toda a coletividade, incluindo o eleitor omisso.
É verdade que a democracia brasileira, no estágio alcançado hoje, deixa pouco espaço para eleitores descontentes com as alternativas de que dispõem para eleger quem deveria representá-los. Como o voto é obrigatório, quem decidir escapar dessa compulsoriedade precisará enfrentar o pagamento de multa.
Depois da urna eletrônica, só o voto em branco foi facilitado, pois há uma tecla específica para isso. Ainda hoje, há quem insista em anular o voto, inspirando-se em iniciativas como as que, no passado, elegeram o macaco Tião e o rinoceronte Cacareco ou simplesmente resultaram em palavrões escritos na cédula. No caso atual, é preciso se dar ao trabalho de confirmar um número inexistente. O protesto, porém, pode ter um resultado oposto ao pretendido, pois favorecerá sempre candidatos que estão em melhores condições de serem eleitos.
Os brasileiros, a começar pelos que se tornaram descrentes em relação à política, têm o direito assegurado de definir o que fazer com o seu voto. Ainda assim, os eleitores agem mais em favor da democracia quando fazem suas escolhas com o máximo de consciência, e não simplesmente ao votar em branco ou nulo. A democracia brasileira tem imperfeições e nem todos os políticos ostentam as credenciais esperadas. Os eleitores, porém, dispõem hoje de todas as condições para saber quem está concorrendo e fazer suas escolhas, entre os candidatos em campanha, de forma cada vez mais segura.
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