VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 14 de setembro de 2014

FOTOS SEM FATOS



ZH 14 de setembro de 2014 | N° 17922



FLÁVIO TAVARES*



A pergunta essencial da filosofia e da biologia, que explicaria a vida e definiria a Divindade, continua sem resposta, em desafio às teorias da origem das espécies de Darwin e da relatividade de Einstein:

– Quem surgiu primeiro, o ovo ou a galinha?

A gigantesca fraude na Petrobras gera também perguntas insolúveis: de onde nasceu o despudorado roubo que favoreceu políticos de diferentes partidos, da direita à esquerda? Nem no “mensalão” a tal base aliada (ou alugada) do governo viu tanto dinheiro assim! O diretor de abastecimento da Petrobras, do PP (o Partido Progressista, de Paulo Maluf), comandou o assalto, repartindo o butim a parlamentares do PMDB, PP e PTB (entre eles os presidentes do Senado e da Câmara Federal), aos ex-presidentes Collor e Sarney, ao ministro Edson Lobão (de Minas e Energia e do PMDB) e aos governadores Eduardo Campos, de Pernambuco, e Roseane Sarney, do Maranhão.

Com as migalhas do troco, centavo a centavo, o malufista Paulo Roberto Costa juntou 23 milhões de dólares em contas secretas na Suíça. Quanto terão por lá os favorecidos diretos pelos 3% dos contratos da empresa?

Mesmo que se destape tudo, nada saberemos sobre eventuais contas de Eduardo Campos, em condições de financiar a campanha presidencial hoje em mãos de Marina Silva. Os bancos suíços silenciam sobre mortos! E, como no caso do ovo e da galinha, o mistério persistirá: quem surgiu primeiro – a cobiça ou o engano?

Os bancos comandam nossas vidas. Com exceção do amor, fazemos tudo a partir deles. Há, porém, um paradoxo: seu poder está no dinheiro dos depositantes. Os únicos ricos com dinheiro alheio são os banqueiros. A intermediação os faz poderosos – tomam de um e emprestam a outro.

Os bancos é que determinam se “há ou não dinheiro” para empreendimentos públicos ou privados. Os lucros exorbitantes, porém, levam a uma pergunta essencial: o Banco Central, que coordena o sistema bancário e a emissão de moeda, deve “ter autonomia” e ficar ao arbítrio da cobiça, como deus intocável, como o quer a candidata do PSB, Marina Silva?

Por que submeter os empreendedores ao poder tirânico dos bancos, que seriam os únicos sujeitos ativos na tal “autonomia” do Banco Central?

O que se deve esperar de uma campanha eleitoral? – perguntaram-me, dias atrás, na palestra com que encerrei o congresso em que o Tribunal Regional Eleitoral debateu a propaganda política em sua Escola Judiciária. Quando os partidos tratam a política como reles mercadoria (dessas de rua, que por antecipação sabemos que são falsificadas, toscas imitações que só compramos por estarem à mão), tive de responder fora da realidade.

Sim, porque a campanha eleitoral devia ser diálogo entre eleitor e candidatos sobre temas fundamentais. Cada qual mostraria o que é, nu de corpo e alma. Os candidatos são apenas nossos futuros representantes, nunca donos do cargo a que aspiram. O “dono” único é o eleitor, com direito a indagar e esmiuçar.

Assim, aquelas centenas de cartazes com fotos e números à beira de ruas e parques são tão mudas quanto as bocas que vociferam promessas grandiloquentes pela TV. E o que é isso, senão um truque para “vender” candidatos como o detergente que “lava mais limpo”, mesmo lavando igual?

Nesse cenário de simulação, as pesquisas de intenção de voto passam a substituir a realidade dos candidatos. O “non sense” de que mil pessoas (escolhidas ao acaso) interpretem o voto de milhões passa a guiar o eleitor. Isso, por acaso, nos guia ou orienta sobre as qualidades do candidato?

A verdade sobre o candidato permanece oculta. E as fotos sem fatos nas praças terão servido, apenas, para somar votos e fazer das eleições simples quimera. Ou engodo, com quatro anos de validade!



*JORNALISTA E ESCRITOR

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