POLÍTICA + | Rosane de Oliveira
Há poucas surpresas na lista dos supostos beneficiários da propina distribuída pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Quase todos os citados até aqui já tinham sido acusados de envolvimento em algum tipo de irregularidade, mas a delação premiada de Costa coloca a presidente Dilma Rousseff e a candidata Marina Silva na defensiva.
Não há nenhuma acusação direta a Dilma, mas, sendo presidente da República e tendo integrado o Conselho de Administração da Petrobras, tudo o que afeta a imagem da estatal respinga nela também. Os citados por Costa são ou foram aliados do governo. Como no mensalão, a lista é pluripartidária. Não se sabe se Costa apresentou provas, mas a sua palavra é a de um homem que já não tem nada a perder. Decidiu colaborar com a Justiça em troca de uma possível redução de pena, mas o estrago no cenário eleitoral é inevitável. O ex-diretor jogou lama no ventilador e acionou a chave a um mês da eleição presidencial.
Também não há qualquer menção a Marina entre os beneficiários do esquema, mas a citação de Eduardo Campos enfraquece o discurso da “política diferente” da candidata do PSB e a obriga a interromper o processo de santificação do ex-governador de Pernambuco na propaganda eleitoral. A inclusão de Campos seria apenas a acusação de um delinquente (Costa) contra um homem que não tem como se defender, não fossem dois antecedentes que complicam a defesa da memória de Campos pelo PSB.
O primeiro problema é o cipoal de confusões envolvendo a propriedade do avião fantasma em que morreu Campos. Está provado que foram usadas empresas de fachada para custear um avião que, na hora de pagar as indenizações devidas, não é de ninguém. Marina não pode ser responsabilizada por transações escusas das quais não participou, mas seu partido deve explicações e ela não pode fazer de conta que a lambança em torno do Cessna é uma irrelevância.
O segundo problema para o PSB provar que Campos nada tem a ver com Costa vem do tempo em que o ex-governador ainda era vivo. Preso desde junho, acusado de envolvimento em um esquema bilionário de corrupção, Costa indicou Campos como testemunha de defesa. À época, líderes do PSB atribuíram a indicação a uma tentativa dos rivais petistas de desqualificar o adversário. Graças a uma delicada negociação, conseguiu se livrar da condição de testemunha.
Com a dificuldade para explicar a origem do dinheiro que pagou parte do valor do Cessna, o próprio PSB deixa a porta aberta para as especulações de que saiu de caixa 2, o que não exclui o propinoduto gerenciado por Costa.
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