JORNAL DO COMÉRCIO 26/09/2014
EDITORIAL
O dilema dos candidatos, entre a utopia e a verdade
Muitos enviam mensagens para os jornais reclamando da classe política. Mais ainda, do horário obrigatório da propaganda no rádio e na TV. Mas é importante saber as propostas, até mesmo para criticá-las, se for o caso. Os políticos são eleitos por todos nós, de maneira livre e democrática, e eles fazem propostas. Muitas, realmente, são utópicas, as quais, por falta de meios financeiros ou mesmo tempo, jamais serão concretizadas. Eles sabem disso, mas têm que levar à população algo positivo, mesmo que, quando as percepções do que prometem e os seus pensamentos chegam à consciência, imediatamente são confrontados com novas sensações. Daí é elaborada uma síntese da realidade, sem cortes. Depois de eleitos, cairão nos fatos, não teorias. Entretanto, temos jovens, novas figuras e alguns antigos personagens e boas ideias em todos os partidos. Há pessoas das mais diversas categorias pedindo o voto dos eleitores, prometendo “lutar” por novas conquistas materiais, sociais e com foco na educação, saúde e segurança, o legado das manifestações de 2013. Porém, apesar de, aparentemente, esta campanha ter sido mais leve nos debates, há quem assevere que não, pelo contrário, ela está eivada de acusações, algumas até solertes, o que empana o que interessa, soluções aos problemas.
Muitos eleitores podem estar olhando sem ver, realmente, o que está sendo proposto. O pensamento desliza quase em branco sobre as propostas dos candidatos e sem deixar algo gravado com vistas a uma escolha criteriosa para presidente, governador, senador e deputados federais e estaduais. E isso não é bom. Votar é um ato importante e o ideal seria o eleitor conhecer bem o currículo profissional ou a carreira pública de quem ele escolherá. O dilema dos candidatos é dizer ou não o que pensam para o público. Em suas falas, o discurso que pronunciam ressoa na consciência e o futuro executivo ou parlamentar pensa na conveniência de emiti-lo nas palavras mais corretas para fazê-lo passar com credibilidade. O mesmo desdobramento ocorre quando um candidato – poucos, felizmente – mente mesmo estando ciente do que o faz. É um hiato entre a vontade da boa intenção, ainda que utópica da mensagem, e o que deseja fazer as pessoas acreditarem. Não é algo doloso, para prejudicar, mas, com certeza, uma atitude culposa. Inconscientemente, o candidato faz um acordo em sua mente entre a elaboração da mensagem política e o desejo que o seu possível eleitor acredite nas promessas, a fim de que a mentira seja dita.
No entanto, há que se acreditar na maioria dos candidatos e em suas propostas. Poderão não se concretizar, mas temos que escolher um entre tantos e bons, e apostar no seu futuro trabalho. Afinal, todos eles são pessoas como nós e que, talvez, não queiram passar pelo descrédito que seus antecessores tiveram perante a opinião pública. É atitude política e aceitável fazer uma elaboração que melhor caiba na fala no rádio e na TV, reprimindo um outro discurso, que é incomunicável. Por isso, há algumas frases enganadoras, o que significa fazer o eleitor acreditar em algo que, talvez, o próprio candidato não acredita, mas gostaria de acreditar. Enfim, temos que votar bem, o destino do Estado e do País depende das nossas escolhas.
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