EDITORIAL
Na medida em que as eleições ingressam na reta final, multiplicam- se as pesquisas eleitorais que apontam as tendências do eleitor para o pleito presidencial e para as disputas estaduais. Instrumento útil para o processo democrático, o levantamento de intenções de votos tem que ser encarado pelo eleitor na sua devida dimensão, como retrato de um determinado momento. Pesquisas captam empatia, rejeição e até a indiferença da sociedade diante dos candidatos e de suas propostas, sem que tais amostragens tenham a pretensão de fixar tendências, orientar escolhas ou induzir a conclusões apressadas sobre eventuais vitoriosos e derrotados. É assim nas maiores democracias mundiais, onde as consultas inspiram as estratégias dos partidos e servem de subsídio para a reflexão de analistas políticos.
O Brasil aprendeu a conviver com as pesquisas depois de longo período em que o eleitor teve seus direitos restringidos por regimes de exceção. As amostragens, como parte importante do exercício das liberdades, foram então incorporadas ao contexto eleitoral com previsível desconfiança. Durante muito tempo, parcela importante da sociedade observou as pesquisas como instrumento a serviço de algum interesse. É um receio que os próprios institutos ajudaram a difundir quando não foram suficientemente transparentes em relação aos métodos utilizados. O amadurecimento do processo democrático acabou por aperfeiçoar também o trabalho dos institutos, com a depuração do mercado e o respeito conquistado pelos organismos que sustentam suas atividades nos acertos de suas amostras e na reputação daí decorrente.
Desconfianças que ainda se manifestam, às vésperas da eleição, são reações previsíveis, geralmente provocadas por resultados que desagradam a determinados partidos. O que importa é que cada vez mais as pesquisas passam a ser decisivas para a compreensão dos movimentos do eleitor, para a medição de expectativas e para o aprofundamento da reflexão em torno da política e seus protagonistas. Ressalte-se que consultas populares já não se restringem, há muito tempo, a perscrutar o que o eleitor pensa sobre possíveis escolhas, mas também em relação a expectativas e demandas.
O eleitor sabe, igualmente, que as pesquisas, presentes com frequência nos noticiários, não resultam de produção jornalística, mas são informações importantes para a elaboração de conteúdos. Observe-se ainda que os levantamentos têm rígida vigilância da Justiça Eleitoral, o que lhes assegura confiabilidade. Mas isso não significa que possam substituir as vontades do eleitor, que se manifestam livremente nas urnas. As pesquisas são parte de um conjunto de instrumentos a serviço da liberdade de expressão e do aperfeiçoamento da democracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário