VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 14 de abril de 2012

A CPI E O TIROTEIO

EDITORIAL ZERO HORA, 14/04/2012

Começa mal a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) proposta para investigar as ligações políticas do contraventor Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal em fevereiro. Antes mesmo de ser instalada, o que está previsto para a próxima terça-feira, a CPMI está provocando intensa troca de acusações entre representantes do governo e da oposição, num jogo político-partidário que só faz desacreditar a investigação. Nem os próprios parlamentares parecem acreditar no que estão fazendo, tanto que cinco senadores rejeitaram o convite para a relatoria, provavelmente temendo a exposição de suas próprias folhas corridas.

A impressão que se tem, diante de tal imbróglio, é de que ninguém terá suficiente isenção para levar adiante a investigação parlamentar com um mínimo de seriedade. As gravações dos negócios suspeitos do senhor Cachoeira já envolvem, até agora, um senador de oposição, deputados de diferentes siglas, um governador do PSDB e outro do PT. Num ano eleitoral, a visibilidade de uma CPI tende a fornecer munição farta para quem quiser sair atirando.

E o tiroteio já começou. Governistas fazem questão de centrar a artilharia sobre o senador Demóstenes Torres (ex-DEM), tido até este episódio como vestal da moralidade e reconhecido como um dos inimigos mais combativos do PT. Também é alvo dos canhões petistas o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. Já os oposicionistas fazem questão de colocar na mesma fogueira o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT, que também aparece nos grampos da Polícia Federal em conversa com um dos integrantes do esquema delituoso.

O requerimento de instalação da comissão parlamentar prevê a apuração de práticas de tráfico de influência para legalizar jogos de azar, crimes de corrupção, prevaricação, condescendência criminosa, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional, violação de divulgação de comunicação, infração administrativa, exploração de prestígio e formação de quadrilha por agentes públicos associados ou não a agentes privados com a finalidade de impedir a cessação das atividades ilícitas. Embora a investigação deva ser centrada nas operações Vegas e Monte Carlo, a abrangência dos temas poderia garantir uma verdadeira depuração ética nas relações dos governos e agentes públicos com fornecedores e lobistas.

Difícil é acreditar que, com tantas ramificações nos partidos políticos, nos governos estaduais e no próprio parlamento, a organização criminosa comandada pelo empresário goiano será mesmo devassada até as últimas consequências, principalmente quando se sabe que uma das práticas utilizadas pelos malfeitores era o financiamento de partidos e campanhas políticas. Diante de tal constatação, é legítimo que se levante uma dúvida de proporções bíblicas: quem vai atirar a primeira pedra no contraventor?

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