EDITORIAL ZERO HORA 12/04/2012
O aumento expressivo no número de moradores de rua na Capital exige atenção e soluções mais criativas por parte das autoridades. A criação de repúblicas, que substituiriam os abrigos tradicionais, é apenas um paliativo, pois tais instituições abrigariam um número reduzido de pessoas. O que Porto Alegre necessita é de uma ação mais abrangente e duradoura, que encaminhe cidadãos em dificuldade para uma recuperação efetiva, livrando-os do estado de degradação em que se encontram.
Realizado pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), o levantamento demonstra um crescimento de 11,97%, em quatro anos, no número de pessoas vivendo na rua, cuja preferência é por bairros nos quais é mais fácil mendigar e que contam com uma estrutura razoável de serviços públicos. Boa parte delas prefere passar o dia nas proximidades de albergues. Essa particularidade confirma a falta de vagas nesse tipo de alternativa. Ao mesmo tempo, contribui para reforçar a resistência dos moradores de cidades de maior porte em conviver com experiências concretas de quem busca assegurar um teto para quem não o tem.
Um aspecto preocupante nessa área é que, se todas as pessoas em situação de risco na Capital resolvessem ao mesmo tempo buscar acolhida em albergues – nos quais só é possível dormir – e em abrigos – nos quais podem morar –, faltariam vagas. A prioridade do poder público, portanto, é assegurar mais opções para quem precisa do amparo do Estado, sem ignorar que nem tudo se resolve com providências desse tipo.
Pesquisas como a aplicada pela Fasc não podem servir apenas para mostrar quem e onde está nas ruas. É importante que ajudem a explicar também o que leva um contingente cada vez maior de pessoas a viver ao relento. Por isso, é preciso ousar nas providências, incluindo tratamento para quem está preso ao alcoolismo e a drogas ilícitas e alternativas que possam assegurar uma vida mais digna, incluindo oportunidades de trabalho remunerado.
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