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sexta-feira, 6 de abril de 2012

ONDA DE DENÚNCIAS BALANÇAM SÃO LEOPOLDO/RS


ONDA DE DENÚNCIAS. Ataque e crise política balançam São Leopoldo. Médico que apontou casos de corrupção na cidade foi esfaqueado por três homens na saída de casa - ADRIANA IRION, ZERO HORA 06/04/2012

Um emaranhado de denúncias sobre supostas irregularidades em contratos de órgãos públicos de São Leopoldo ganhou mais um capítulo na noite de quarta-feira, quando uma das testemunhas, o médico Carlos Arpini, foi esfaqueado ao sair de casa. No campo político, o impacto se deve às informações de que pelo menos um integrante do governo estadual é investigado e de que parlamentares poderão ser incluídos na apuração.

As citações envolvendo políticos estão sendo remetidas pela Polícia Civil ao Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal, uma vez que eles têm foro privilegiado. Em suas denúncias, Arpini afirmou que propina supostamente cobrada dentro do Hospital Centenário alimentaria campanhas eleitorais.

Da compra de medicamentos até a construção de obras, contratos firmados por órgãos públicos estão sendo investigados. Os indícios envolvem 92 fornecedores da prefeitura e da Câmara, além do Centenário e do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Servidores. O titular da Delegacia de Crimes Fazendários, delegado Joeberth Nunes, anunciou que o trabalho ganhará reforço de delegados e de agentes.

As suspeitas de corrupção, surgidas em 2011, voltaram a ganhar fôlego na sexta-feira passada, quando a polícia fez buscas em órgãos públicos. A procura por documentos que pudessem embasar a investigação deveria ser intensificada na quarta-feira, quando mais 39 mandados seriam cumpridos. Mas a ação foi suspensa porque investigados tiveram acesso aos endereços que seriam alvo da devassa. A polícia havia pedido sigilo em torno das interceptações telefônicas e dos mandados de busca e apreensão, mas o juiz José Antônio Prates Piccoli negou.

– Foi uma homenagem à liberdade de imprensa (a decisão de não dar sigilo). Facultei amplo acesso porque envolvia figuras públicas e dinheiro público – diz Piccoli.

Com a decisão, advogados de investigados sabiam quem estava com o telefone grampeado e também onde seriam feitas buscas. Para o 1º promotor criminal de São Leopoldo, Sérgio Luiz Rodrigues, essa situação pode ter causado prejuízo às investigações. Depois do cancelamento da ação policial, foi decretado sigilo sobre toda a apuração.


Prefeito aponta armação - JULIANA BUBLITZ

As suspeitas envolvendo órgãos públicos de São Leopoldo, no Vale dos Sinos, desencadearam uma tempestade política no diretório municipal do PT, que comanda a cidade há oito anos.

Na origem da crise, estão as supostas irregularidades e seus reflexos na disputa pela sucessão à prefeitura, até então considerada uma das vitrines da sigla no Estado.

Ontem, o prefeito Ary Vanazzi acusou o petista Ronaldo Teixeira, o Nado, ex-secretário da Representação do Rio Grande do Sul em Brasília, de estar por trás das denúncias. Conforme Vanazzi, Teixeira estaria tentando atingir o pré-candidato a prefeito do partido, Paulo Borba, que o derrotou nas prévias. Borba tem o apoio de Vanazzi.

– Esse senhor (Ronaldo Teixeira) ajudou a elaborar todo o processo de denúncia. Ele construiu tudo isso para agora se oferecer para disputar (a prefeitura de São Leopoldo). Não estou dizendo que não existam problemas, mas há um grande interesse político aí – disse o prefeito.

A posição de Vanazzi é compartilhada por Borba, que diz estar “tranquilo”, e pelo presidente do PT em São Leopoldo, vereador Alexandre Schuh:

– Nado perdeu de lavada e agora está correndo atrás do que não existe. Isso é gritaria de segundo colocado.

Raul Pont diz que PT vê caso “com preocupação”

Ao saber das declarações, Teixeira reagiu com indignação. Confirmou ter deixado o cargo em Brasília e reconheceu que irá se “colocar à disposição do PT”, mas negou ter participação nas denúncias:

– O prefeito está equivocado. Os denunciantes existem, foram para a imprensa e para a polícia. Ele tem de ter muito cuidado com o que diz.

Presidente estadual da legenda, o deputado Raul Pont disse ontem que o diretório acompanha a situação de São Leopoldo de perto e “com preocupação” – embora não reconheça a crise.


ENTREVISTA. “Sou intimidado todas as semanas no hospital”. Carlos Arpini, médico concursado do Hospital Centenário - ÁLISSON COELHO

Responsável por parte das denúncias que levaram a polícia a investigar esquemas de corrupção em São Leopoldo, o médico Carlos Arpini foi esfaqueado na noite de quarta-feira. Agora, a polícia e a vítima querem saber se foi tentativa de assalto ou ação de intimidação.

Arpini saía de casa por volta das 23h30min quando foi surpreendido por três homens. Um deles entrou em luta corporal com o médico, enquanto um segundo agressor tentou desferir uma facada no rosto da vítima. Arpini se defendeu com o braço, onde acabou se ferindo. Depois de se desvencilhar dos três homens, saiu correndo. Foi atendido no Hospital Centenário.

Diretor do corpo clínico, Arpini fez denúncias em 2011 envolvendo empresários, políticos e o hospital.

ZH – O que motivou a agressão contra o senhor?

Carlos Arpini – Não há como dizer. Em um primeiro momento, pensei que fosse uma tentativa de assalto. Mas depois, analisando melhor, fiquei em dúvida se que o objetivo era levar alguma coisa. Fico entre a hipótese de roubo e a de intimidação.

ZH – O senhor alguma vez foi intimidado?

Arpini – Sou intimidado todas as semanas no hospital. Já fizeram investigações, tentam de todas as formas me tirar lá de dentro. Nunca conseguiram.

ZH – Pretende se proteger?

Arpini – Vou conversar com o MP. Pretendo pedir uma medida protetiva. Não tenho medo, mas esse é um direto que tenho, e também serve para acalmar a minha família, que está muito assustada.

As suspeitas: Veja as irregularidades apontadas pelo médico.

PROPINA ELEITORAL - Um gestor do Centenário atrasaria pagamentos a fornecedores para cobrar propina. Para que recebessem os valores, empresas teriam de pagar propina de 5% a 10% destinadas para campanhas.

PONTO IRREGULAR - Médicos e dirigentes do Centenário estariam indo até o hospital apenas para bater o ponto. Depois de registrada a entrada, sairiam do local, voltando no fim da tarde.

SUPERFATURAMENTOS - Remédios, próteses, órteses e fios cirúrgicos seriam comprados com preços superfaturados. Pelo menos quatro fornecedores estariam envolvidos.

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