IMPERIO DOMINADO POR CANALHAS

BEATRIZ FAGUNDES, O SUL
Porto Alegre, Quarta-feira, 18 de Abril de 2012.

CPI mista já tem o número suficiente de assinaturas para ser instalada no Congresso Nacional. O pivô é Demóstenes Torres, mas considerando o que já foi publicado nas "escutas" da investigação da Polícia Federal, vários políticos, empresários e jornalistas fazem parte da rede de suposta corrupção montada pelo "empresário" Carlinhos Cachoeira.

No aparelho de TV que impera na sala, ouço, enquanto elaboro meu texto para o jornal O Sul, a fala da personagem Carminha, da nova novela da Vênus Platinada. Nos braços do amante, ironiza o marido, se ufana de ter o povão da comunidade nas mãos, declarando que pode até "se eleger vereadora só com o voto dos trouxas", enquanto entrega à sua "cara metade" 20 mil reais que roubou do dinheiro doado pelo marido traído às crianças carentes de uma ONG (organização não-governamental) da qual é a principal patronesse. Ali, diariamente, a figura central de uma inocente novela escracha o pior que produzimos em nossa sociedade hipócrita e defensora das mais impensáveis alianças políticas.

É o império dominado pelos canalhas. Carminha concentra em sua personagem fictícia todo o horror da realidade que nos cerca. Lembra o personagem real que, durante anos, vem circulando nas melhores e mais importantes rodas de poder da república conspurcada. É certo que ele não é único, nem o primeiro e, desgraçadamente, não será o último!

A CPI mista já tem o número suficiente de assinaturas para ser instalada no Congresso Nacional. O pivô é Demóstenes Torres, mas considerando o que já foi publicado nas "escutas" da investigação da Polícia Federal, vários políticos, empresários e jornalistas fazem parte da rede de suposta corrupção montada pelo "empresário" Carlinhos Cachoeira. A exemplo da Carminha, personagem absurdamente canalha da novela, que é amada pela comunidade por suas ações de grande valor moral e social, defendendo valores fundamentais como a família e o futuro das crianças pobres, o senador tucano tem um currículo de fazer chorar de emoção.

Foi professor em escola pública, revisor de jornal e advogado. Passou em concursos públicos de delegado de polícia e promotor de Justiça. Optou pelo Ministério Público. Foi duas vezes eleito procurador-geral de Justiça e presidente do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Justiça. Como secretário de Segurança Pública e Justiça, reduziu a criminalidade e foi premiado pela ONU. Em 2002, o povo de Goiás fez dele campeão de votos para o Senado. Na CPI (comissão parlamentar de inquérito) da Pedofilia, que ainda está em vigor, criou a legislação para os casos de violência e resultou na prisão de diversos monstros que abusavam de crianças. A organização Transparência Brasil pesquisou e concluiu que Demóstenes é um dos dez congressistas que mais apresentam projetos importantes para a população. A ONU (Organização das Nações Unidas) incluiu Demóstenes entre as 1 mil personalidades do mundo para pensar o século XXI. É o senador que mais apresentou relatórios de proposições em 183 anos de história do Senado, mais de 1 mil. Entre eles, foi o relator do Estatuto do Idoso. Diversos textos seus hoje integram leis, como autor de projeto, emendas e substitutivos. É de Demóstenes a proposta de implantar a Escola em Tempo Integral e transformar o Cerrado em Patrimônio nacional, além do aumento da punição dos criminosos.

Recentemente, o site Congresso em Foco ouviu jornalistas de todo o País, dos maiores jornais, rádios, revistas e redes de televisão. Esses jornalistas votaram e elegeram Demóstenes o segundo melhor entre os 81 senadores. Dos 594 parlamentares, a soma dos senadores e dos 513 deputados federais, Demóstenes é o parlamentar que mais combate a corrupção no Brasil. No último mês de dezembro, a Revista Época divulgou uma lista em que o senador Demóstenes Torres foi apontado como uma das cem personalidades mais influentes do País. Como condenar os eleitores que elegem e reelegem políticos com um perfil extraordinário como o do agora denunciado "mandalete" de um chefão do crime organizado?