VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O PALADINO IMORAL


KLÉCIO SANTOS | EDITOR-CHEFE DA SUCURSAL BRASÍLIA - zero hora 02/04/2012

Caiu a máscara de um dos mais ácidos parlamentares da oposição. No figurino de vestal do Senado, Demóstenes Torres era implacável, sempre de prontidão para apontar o dedo denunciando o corrupto da vez. A ausência de ética é um território vasto no Congresso e Demóstenes soube como ninguém pregar nesse deserto. Com isso, ganhou notoriedade nacional e se transformou em um dos algozes do PT e de antigas raposas do PMDB, como Renan Calheiros e José Sarney.

O que mais assusta, contudo, não é a dupla personalidade, mas a desenvoltura com que Demóstenes transitava no submundo do crime goiano chefiado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. O senador-paladino defendia os negócios da máfia no Congresso, no governo e no Judiciário. Sua linha de atuação era ampla: promovia altas negociatas e valia-se de falcatruas mequetrefes, como abrigar servidores fantasmas em seu gabinete.

Procurador de Justiça, professor e advogado, Demóstenes hoje não passa de uma caricatura, refém da sua própria retórica. Se lhe resta um pingo de dignidade, deveria renunciar ao mandato e retirar-se da vida pública.


Líder do DEM aguarda para hoje afastamento - Colaborou Léo Saballa Jr.

Uma reunião na manhã de hoje deverá selar o destino de Demóstenes Torres. O presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), demonstrou ontem impaciência após o surgimento de novas gravações que expõem a relação do parlamentar com o empresário e bicheiro Carlinhos Cachoeira.

– Temos de ter uma definição a curtíssimo prazo. Eu quero ter uma conversa com ele e espero ser definitiva – disse Agripino.

Também foram chamados para a reunião o líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), e o deputado federal Ronaldo Caiado (GO). Durante o encontro, os líderes do DEM devem pressionar Demóstenes a deixar a sigla antes que seja expulso e também a renunciar ao mandato.

O cerco a Demóstenes aumentou ontem. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, pediu a renúncia imediata do senador, investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás. Para Cavalcante, Demóstenes vive uma situação “mortal” para um político e não tem outra saída a não ser a imediata renúncia ao mandato, considerada por ele uma “atitude moral”.

– É uma medida extrema, pessoal, mas o teor das conversas telefônicas mantidas com o empresário Carlos Ramos evidenciam uma situação mortal para qualquer político – disse Ophir Cavalcante. – A gravidade das denúncias por si só recomenda uma atitude moral. Continuar no cargo significa expor-se cada vez mais e ao seu partido.


Teoria e prática

No ano passado, Demóstenes escreveu o prefácio do livro Ficha Limpa: a Vitória da Sociedade, lançado pelo presidente da OAB, Ophir Cavalcante. O senador, que foi relator do projeto de lei da ficha limpa, destacou no texto que a sociedade “não admite que os destinos da nação possam ser geridos por representantes que não possuem conduta adequada à dignidade das relevantes funções públicas”.

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